Hereditário: Como filme tornou a A24 sinônima do terror

Hereditário: Como filme tornou a A24 sinônima do terror

Filme de Ari Aster foi divisor de águas para trajetória da principal produtora do gênero na última década

Matheus Fiore Cheuen
25 de abril de 2024 - 6 min leitura
Notícias

Para além da icônica cena de decapitação que marcou o fim da década passada, Hereditário  se tornou um marco para o terror recente e também para a A24. O filme de estreia de Ari Aster influenciou muito a relação do público americano com o gênero, e também a forma como a produtora seleciona seus filmes. Não havia, na história recente, um clamor tão grande por indicação de um terror ao Oscar como houve em 2018, principalmente para sua atriz protagonista, Toni Colette.

É curioso observar esse movimento, pois antes de Hereditário, a A24 vinha em um momento de exploração de possibilidades no mercado. No ano que antecedeu o longa de Ari Aster, a A24 produziu Bom Comportamento, elogiado filme dos irmãos Safdie protagonizado por Robert PattinsonArtista do Desastre, dirigido e protagonizado por James FrancoLady Bird: A Hora de Voar, filme que ascendeu o nome de Greta Gerwig a uma das principais diretoras dos últimos anos, O Sacrifício do Cervo Sagrado, de Yorgos LanthimosProjeto Flórida, o segundo longa-metragem de Sean Baker que chegou a receber uma indicação ao Oscar pela atuação de Willem Dafoe.

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Há, nesse bolo, um pouco de tudo. Comédia, amadurecimento, terror, ação, drama, romance… Mas o que diferencia Hereditário dos demais é como o longa, que até hoje é o terror mais rentável da A24, levou a produtora a explorar mais o gênero em si. A abordagem austera de Ari Aster ao separar o terror e o drama em um mesmo filme fez muitos acreditarem que aquilo significava um marco na história do gênero - a mudança, na verdade, foi meramente no impacto comercial, já que o terror, vale ressaltar, sempre falou de temas políticos e sociais, desde a concepção do gênero.

Se no ano pré-Hereditário, a A24 fez um pouco de tudo, o que vemos na sequência é um mergulho profundo no terror: Por mais que haja ficção-científica, drama e outros campos, os principais sucessos da produtora passam a ter mais e mais filmes do terror, ou que bebem do terror.

Não mais filmes de seus diretores, os longas passam a ser comercializados como “filmes da A24”. Todos vão ao cinema ver “o novo terror da A24”. MidsommarO FarolX - A Marca da MorteMorte Morte MortePearl, e por aí vai. A empresa tornou-se, mercadologicamente, a maior referência do gênero para o grande público.

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Muitos críticos americanos chegaram a chamar o terror da A24 de “pós-terror” ou até “terror elevado”, fortalecendo a imagem que a indústria e parte do público assimilou para a empresa. Fato é que, independente de como você prefira chamar, Hereditário realmente foi uma virada de chave, ele é, até hoje, o terceiro mais lucrativo projeto da companhia, estando atrás apenas dos sucessos Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo  e Fale Comigo, outro terror.

Talvez o ponto mais chamativo de Hereditário seja a forma como ele junta elementos do terror costumeiramente chamado de psicológico com pitadas de sobrenatural. Não é inédito, de fato, mas é algo que estava, de certa forma, em desuso no cinema mundial, por inúmeras questões. Aster é muito bem sucedido ao manter o espectador dividido entre o medo do real e o medo do intangível durante toda a sessão. Mas, mais do que isso, é exitoso na construção de um drama que sugere o terror conforme os medos e traumas dos personagens se apresentam ao longo do filme. É, evidentemente, um filme esquisito - sem juízo de valor nessa adjetivação, que fique claro - que tem consciência da esquisitice que permeia suas cenas e faz uso delas para engajar o espectador.

Seria no mínimo inocente dar a Hereditário todo o crédito pelo momento que o gênero vive no cinema - até porque, o ótimo A Bruxa, de 2016, também teve um forte impacto e pavimentou o caminho para o filme de Aster -, mas também seria injusto negar o impacto do que, até ano passado, era o mais lucrativo terror da mais bem-sucedida produtora do gênero na última década. Mesmo que os projetos seguintes de seu criador, Midosmmar e Beau Tem Medo, não tenham o mesmo impacto, o fato é que a A24 continua faturando milhões com o gênero e sua “assinatura”:

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Bem-vindo à #A24Week! De 22 a 25 de abril, os sites irmãos Omelete e Chippu estão passeando pela história do estúdio mais badalado do momento. Além de relembrar os principais filmes, destacar pérolas escondidas e analisar o sucesso da A24, também vamos lançar um ranking com os 24 melhores filmes do estúdio. Você pode acompanhar tudo no Omelete clicando aqui, e no Chippu clicando aqui.

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