Os filmes anteriores de John Carney, diretor irlandês conhecido por Apenas Uma Vez e Mesmo Se Nada Der Certo, falavam sobre um relacionamento ou a busca individual por um propósito por meio da música. Flora e Filho, sua nova produção distribuída pela Apple e exibida no Festival de Toronto 2023, usa os mesmos moldes para um novo tema: a relação entre mãe e filho, aqui liderada pela dupla Eve Hewson e Oren Kinlan, respectivamente.

Flora é uma jovem mãe solteira que teve Max aos 17 anos e agora vive num apartamento minúsculo em Dublin. A moça sofre para criar o filho não só pelo aspecto financeiro, mas também pela vocação, a qual ela não acredita ter e vive em embates constantes com o garoto. À procura de algo para focar, ela começa a fazer aulas de violão e conhece um instrutor de música que começa a mudar a cabeça dela em relação a tudo ao seu redor.

Tirando pela sinopse, não é algo tão diferente de outros quinhentos romances, mas Flora e Filho tem na incrível atuação de Hewson um centro gravitacional para todas as propostas bem executadas por Carney, mesmo que a música não funcione de forma tão encantadora quanto em outros trabalhos dele. A atriz incorpora com tamanha naturalidade o desafio da mãe solteira e desbocada que não se faz necessário um monólogo ou explicação para as amarguras sofridas. A cada explosão com Max ou olhar amoroso para Jack, Eve conduz o espectador a um sorriso seguido de um choro emocionado.

Se não encanta pelas músicas como outros trabalhos de Carney, Flora e Filho se faz presente na trilha em si, que ilustra bem a mistura de sentimentos dentro desta família. E talvez esse seja o maior mérito do longa, cuja coragem em abrir mão do caminho fácil e não se apoiar em músicas com refrão fácil, o torna tão surpreendente quanto a protagonista.

O filme foi exibido no Festival de Toronto 2023.

Flora e Filho será disponibilizado pela Apple no final de setembro.