A Casa do Dragão encerra primeira temporada com final anticlimático - Crítica com Spoilers
Episódio funcionaria melhor se fosse a estreia da segunda temporada
Crítica
Game of Thrones sempre teve uma tradição de trazer eventos impactantes no penúltimo episódio de suas temporadas - A Batalha dos Bastardos e o Casamento Vermelho são alguns bons exemplos. No entanto, ao contrário de sua série matriz, A Casa do Dragão encerra a primeira temporada com um final anticlimático e que desce o tom após a usurpação do Trono de Ferro.
Enquanto o capítulo anterior mostrou as preparações dos Verdes para a Dança dos Dragões, o final é inteiramente centrado nas consequências da morte de Viserys para Rhaenyra (Emma D’Arcy) e seu lado da família Targaryen. Encastelados em Dragonstone, ela e Daemon (Matt Smith) iniciam seus planos para o tão aguardado confronto com Allicent (Olivia Cooke) e seus filhos.
No entanto, em vez de dar início à guerra, Rhaenyra ainda tenta, como última esperança, manter a unidade e a paz no reino, aguardando uma provocação rival e consultando seus aliados. Boa parte do episódio se centra em mesas de estratégia e contagens de exércitos — algo que não empolga muito, ainda mais levando em conta o banho de sangue promovido pelos Hightower na ascensão de Aegon (Tom Glynn-Carney) ao trono.
Neste complexo jogo de alianças, Rhaenyra percebe que talvez não tem o apoio com o qual contava em várias casas de Westeros, ainda que um envelhecido Corlys (Steve Toussaint) reafirme uma velha lealdade. Isso acaba sendo, indiretamente, um reflexo das escolhas criativas da segunda temporada. Estamos nos aproximando de uma guerra que vai movimentar todas as peças do tabuleiro, mas, sem personagens escalados, não resta muita opção senão mostrá-los, literalmente, em um mapa do mundo.
Os pontos altos do episódio final se concentram, mais uma vez, no que deu certo em boa parte da temporada: as atuações e as cenas que chocam. Ninguém no elenco representa mais isso no finale do que a própria Emma D’Arcy, cujo parto de uma criança natimorta, em um eco com o que acontece no primeiro episódio, é retratado em uma das cenas mais impactantes de toda a série.
Também causa impacto a cena final da temporada, quando um conflito de dragões ceifa a vida de Lucerys Velaryon (Elliot Grihault), filho de Rhaenyra. A batalha contra Vhagar, o imponente dragão de Aemond (Ewan Mitchell), até tenta aproveitar o tempo chuvoso de Storm’s End para mascarar os efeitos de computação gráfica, mas não consegue.
Em termos de roteiro, faria mais sentido deixar a ascensão de Aegon e a espetacular fuga de Rhaneys (Eve Best) de Porto Real — aliás, também ficamos sabendo por que a matriarca dos Velaryon não bradou o tão pedido “dracarys” naquele momento. Seria, até, um gancho mais interessante do que o deixado pelo encerramento da temporada, que seria muito melhor aproveitado, por exemplo, caso fosse o episódio de estreia do segundo ano.
O final, porém, encapsula alguns dos principais problemas de A Casa do Dragão. Ao adaptador um curto trecho da história dos Targaryen com várias liberdades, a primeira temporada se comportou como um grande prólogo, criando expectativas para um conflito que nunca veio. A Dança dos Dragões, no fim das contas, ficou para a segunda temporada.