A Casa do Dragão: O Rei das Marés - Crítica com Spoilers

A Casa do Dragão: O Rei das Marés - Crítica com Spoilers

À beira da Dança dos Dragões, Rei Viserys rouba a cena em grande atuação de Paddy Considine

Bruno Silva
10 de outubro de 2022 - 4 min leitura
Crítica

Quem acompanha A Casa do Dragão já guarda enormes expectativas para a Dança dos Dragões, um dos principais conflitos retratados no livro de George R. R. Martin que está sendo adaptado para a telinha pela HBO. Mas, para que a disputa pelo Trono de Ferro possa acontecer, é preciso que o atual rei parta dessa para melhor, em um processo retratado com maestria em “O Rei das Marés”.

Ainda que não esteja em cena o tempo todo nem seja o assunto principal do capítulo, cujo título e conflitos são estabelecidos por uma crise sucessória após o desaparecimento e morte presumida do lorde Corlys Velaryon (Steve Toussaint) em uma batalha, é o rei Viserys (Paddy Considine) quem rouba a cena e chama todas as atenções em sua despedida da série.

Já muito envelhecido e doente, Viserys ouve o chamado do dever uma última vez ao reunir suas últimas energias e deixar a cama onde esteve nos últimos anos, enquanto Allicent (Olivia Cooke) e Otto (Rhys Ifans) Hightower têm comandado o reino, para estabelecer se Driftmark deve ser herdada por Lucerys Velaryon (Elliot Grihault), filho de Rhaenyra (Emma D’Arcy), ou o irmão de Corlys, Vaemond (Wil Johnson), que rapidamente se alia aos Hightower em uma esperança de ocupar o comando das terras costeiras.

Boa parte do que torna a aparição derradeira do velho Viserys memorável, é, claro, a atuação de Considine, que arrancou elogios até mesmo de George R.R. Martin. Acometido por uma doença há várias temporadas, o rei aparece aqui desfigurado, com uma máscara para cobrir buracos em seu rosto e olho direito.

A última decisão real de Viserys, exatamente para favorecer sua filha Rhaenyra durante a petição para decidir quem tem o direito de suceder Corlys em Driftmark, é muito bem conduzida não somente na atuação, mas também pela fotografia, atenta aos passos frágeis de um Viserys que precisa de ajuda para simplesmente chegar ao Trono de Ferro.

O episódio também é um ótimo momento para expor nuances que pareciam ter sumido entre os protagonistas, de tão escondidas. A rivalidade latente entre Rhaneyra e Allicent, cujo potencial explosivo foi muito bem retratado no capítulo anterior, dá lugar a uma trégua, ainda que dissimulada, entre os dois lados que devem disputar a sucessão de Viserys — maior exemplo está nas atitudes atenciosas de Daemon (Matt Smith) com seu decrépito irmão.

O comportamento de Daemon abre espaço para nuances que não tiveram muito espaço desde que ficou clara a rota de colisão entre Rhaenyra e Allicent. A pedido do próprio rei, todos os seus familiares são convidados a um banquete, no qual ele faz um apelo para evitar o iminente conflito.

Seja em respeito ao regente, seja de forma genuína, o encontro rende manifestações de respeito entre Rhaenyra e Allicent, como se este fosse um breve respiro antes da tempestade que está por vir — e rápido, dado o rápido conflito entre os filhos de ambas durante o banquete após Aemond (Ewan Mitchell) questionar, mais uma vez, porém de forma velada a herança, de sangue de seus primos.

A nova geração dos Targaryen, inclusive, aparece já no fim da adolescência e início da fase adulta, já que o episódio faz mais um curto salto temporal, que deve colocar esses personagens com ainda mais protagonismo nos próximos episódios. A Dança dos Dragões se aproxima, e, apesar de ter iniciado com alguns tropeços, A Casa do Dragão tem preparado seus espectadores para esta guerra em grande estilo.

Nota da Crítica
Bruno Silva

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