A Casa do Dragão: O Conselho Verde - Crítica Com Spoilers
Série da protagonismos inusitado em penúltimo episódio da temporada
Crítica
Para uma série que vem armando ao longo de toda a sua temporada um conflito entre facções que dependia da morte de um rei, A Casa do Dragão retratou os primeiros momentos após o falecimento de Viserys (Paddy Considine) de forma bastante contida. Isso porque o penúltimo capítulo, "O Conselho Verde", abre a disputa pelo trono de um ponto de vista diferente: o de Allicent (Olivia Cooke) e sua família.
Por estar mais próximo do centro do poder, é o grupo dos Hightower que abre a Dança dos Dragões, após Allicent fazer uma interpretação livre das palavras finais de Viserys como um argumento para a ascensão de seu filho, Aegon (Tom Glynn-Carney) ao poder, em detrimento de uma ausente Rhaenyra (Emma D'Arcy).
A primeira cena, em um conselho na calada da noite onde Allicent e Otto (Rhys Ifans) detalham os planos do golpe, já dá o tom da tensão do capítulo, em que declarações de apoio ou recusas podem muito bem ser questão de vida ou morte.
Além de Allicent, o episódio obviamente precisa focar no próximo rei, dando, finalmente, o primeiro vislumbre do que Aegon pensa sobre assumir o controle dos Sete Reinos.
Retratado até aqui como alguém inepto para o papel em contraponto ao seu irmão, Aemond (Ewan Mitchell), Aegon foge da cidade e acaba raptado por um grupo que exige o fim de brigas com apostas entre crianças em um dos lugares barra pesada de Porto Real.
A busca pelo paradeiro de Aegon é feita em clima de caçada, com divisões até mesmo entre os Hightower para saber quem será o responsável pelo resgate de Aegon, e assim, terá mais controle sobre o processo sucessório. O que se revela, no entanto, é previsível: Aegon não quer ser rei, até ser convencido no último minuto.
O episódio faz um bom trabalho em ampliar os arcos de personagem para além de Alicent e Rhaenyra. No entanto, tudo ainda parece ter um clima introdutório, já que a série está acabando, o que limita o aprofundamento dos personagens a uma mera criação de conflitos para a próxima temporada
O melhor exemplo é o relacionamento entre Aegon e Aemond, que reflete, muitas vezes, o de Viserys e Daemon, com um regente desinteressado no poder, ao lado de um irmão mais ambicioso e preparado.
A personagem mais interessante do episódio, no entanto, é Rhaenys (Eve Best), que jurou lealdade a Rhaenyra e se vê como uma possível vítima no golpe para colocar Aemond no trono. A Rainha Que Nunca Foi é uma das personagens mais ambíguas de Casa do Dragão até agora, cujos conflitos internos a fazem transitar entre ambos os lados do conflito.
Aqui, isso acontece mais uma vez, com Alicent tentando cooptá-la e trair Rhaenyra. A Targaryen nega o pedido e decide fugir da cidade, mas é empurrada, junto com o resto da população, a assistir a cerimônia de coroação de Aegon.
É a oportunidade perfeita para Rhaenys fugir do local com seu Dragão, na cena mais debatida do episódio, em que os roteiristas preferiram apostar mais uma vez na ambiguidade da personagem para explicar por que ela não incendiou toda a casa Hightower ali mesmo e colocou um fim ao conflito.
Embora as escolhas de roteiro sejam compreensíveis, os efeitos especiais prejudicam um pouco a experiência. CGI meia-boca já é praticamente uma constante em A Casa do Dragão a essa altura do campeonato, mas uma cena tão relevante poderia ter tido um pouco mais de esmero. Quem sabe ele virá no último episódio, quando finalmente o conflito pelo Trono de Ferro começar.