A Casa do Dragão: Driftmark - Crítica com Spoilers
Com direito a “rinha de criança”, sétimo episódio entrega grandes momentos e deixa atores brilharem (apesar da pouca luz)
Crítica
Desde que A Casa do Dragão fez seu último grande salto temporal na primeira temporada, com Emma D’Arcy e Olivia Cooke assumindo os papéis de Rhaenyra Targaryen e Alicent Hightower, ambas em sua fase adulta, a série finalmente conseguiu entrar em um modus operandi mais parecido com o de Game of Thrones, em que o jogo político tensiona a todo momento das relações entre os personagens, e como essa troca pode ter resultados explosivos.
“Driftmark”, o sétimo episódio da série, é talvez o melhor momento dessa nova história até aqui, e o que melhor demonstra o potencial da produção da HBO no que diz respeito a como essa disputa entre duas grandes forças pela sucessão do Trono de Ferro pode mudar as peças do tabuleiro em Westeros.
O capítulo tem como pano de fundo o velório de Laena Velaryon (Nanna Blondell), que reúne todas as figuras de poder ao redor dos Targaryen — a novidade, não tão surpreendente, é o retorno de um envelhecido Otto (Rhys Ifans), pai de Allicent, reconduzido ao posto de Mão do Rei.
A morte da montadora do imponente Vhagar liberou o caminho para, enfim, uma reaproximação mais plena entre um viúvo Daemon (Matt Smith) se aproximar, politicamente, de Rhaenyra, cada vez mais acuada pela pressão de Alicent e seus aliados sobre o processo de sucessão de um cada vez mais decrépito Viserys (Paddy Considine).
Como a série mostrou em sua primeira fase, o amor caminha ao lado do poder neste relacionamento, e a dança de poder entre ambos é um dos pontos altos do episódio, em especial por todas as nuances de culpa, luto e desejo expressas pela interpretação de D’Arcy e Smith. Mérito para os atores, que conseguiram colocar isso em uma tela praticamente apagada, já que o encontro na calada da noite ficou quase invisível pela decisão criativa da HBO de reduzir em excesso a iluminação.
A lição mais importante que o episódio 7 deixa para A Casa do Dragão, no entanto, é o impacto que a disputa entre Alicent e Rhaenyra pelo trono causa em seus sucessores, já bem atentos à destruição que a iminente batalha entre ambas pode causar.
Parte disso já dá as caras nos primeiros momentos do episódio, pela reação do jovem Lucerys (Harvey Sadler) à menção do avô, Corlys (Steve Toussaint), sobre sua herança em Driftmark, mas é Aemond Targaryen (Leo Ashton) quem faz essa rivalidade explodir, ao conseguir o improvável: montar Vhagar, o antigo dragão de Laena e um dos mais temidos à serviço dos nobres de sangue valiriano.
A consequência de suas ações e um confronto com as filhas de Laena, Baela (Shani Smethurst) e Rhaena (Eva Ossei-Gerning), e os filhos de Rhaenyra, que resulta em Aemond perdendo seu olho. Game of Thrones sempre se pautou por grandes momentos e como elas chocam quem está assistindo, e A Casa do Dragão pode ter conseguido seu primeiro grande momento nesse sentido com a “rinha de criança” e suas consequências extremamente violentas, deflagrando a guerra entre as mães e gerando desconfiança em toda a corte quando um enfurecido Viserys pergunta a seus netos a origem do rumor de que os filhos de Rhaenyra são bastardos.
Por fim, o episódio também serve para afastar mais uma vez os Velaryon do centro do poder, já que a união entre Rhaenyra e Daemon prevê um plano para que Ser Laenor (John Macmillan), marido de Rhaenyra, forje sua morte e possa viver livremente com seu parceiro longe de Westeros. Com um conflito bem estabelecido e os lados definidos, Casa do Dragão enfim pode subir o tom nas qualidade que fazem este universo tão envolvente para seus espectadores.