
Amsterdam desperdiça ótimo elenco roteiro confuso e montagem irregular - Crítica do Chippu
Com diversos plot twists desnecessários e um elenco grandioso, o filme é decepcionante em quase todos os aspectos

Crítica
Muitos diretores renomados usam ao seu favor um grupo enorme de talentosíssimos atores para que seus filmes sejam um estouro na bilheteria. Mas, às vezes, isso não é o suficiente Às vezes o elenco não consegue salvar um filme mediano, e infelizmente, este é o caso de Amsterdam, novo longa de David O. Russell. Mais decepcionante do que satisfatório, ele se mostra frustrante, ainda que tenha alguns momentos de brilho.
Com a trama voltada a um trio de amigos, vividos por Christian Bale, Margot Robbie e John David Washington, que investigam um caso de assassinato, a produção conta com uma montagem bagunçada e diversas reviravoltas mal desenvolvidas no roteiro. Uma das únicas coisas positivas do longa é a química entre os três personagens principais, fruto do nível de carisma e humor desses atores, cuja ótima performance se destaca, independente de tudo.
O primeiro ato do filme, que introduz o assassinato em si e o grupo de amigos, é divertido. Este conta com uma das cenas mais inusitadas - ainda muito boba - de todo o filme, envolvendo a personagem de Taylor Swift, que mesmo com poucos minutos de tela, fará todos na sala de cinema rirem. O grande destaque vai para sua cena final, quando ela se envolve numa sequência digna de ser confundida com a de Maite Perroni na telenovela Cuidado com o Anjo.
Mas a cantora não é a única participação especial do filme. O elenco também conta com nomes como Rami Malek, Chris Rock, Robert De Niro, Anya Taylor-Joy. Não posso deixar de fora a melhor dupla da produção, que é formada pelos incríveis Mike Myers e Michael Shannon. Eles conseguem roubar todas as cenas que estão com um humor impecável e uma presença de tela de outro nível. As cenas com eles foram as melhores do filme. Isso deixa ainda mais frustrante a percepção de como suas atuações são apagadas por um roteiro tedioso e confuso. Os diversos plot twists foram o motivo do filme se perder constantemente. O trio de amigos descobrem que o assassinato que investigam na verdade é parte de uma grande conspiração na história dos Estados Unidos, e este não foi um bom caminho para Russell prosseguir com a história.
O filme seria muito mais divertido e cômico se na verdade acompanhassem os três personagens durante o período que viveram em Amsterdam, ainda jovens e esperançosos, vivendo aventuras e descobertas sobre o mundo adulto da capital da Holanda, e não para colocá-los como salvadores da pátria para um momento que ficaria na história do mundo.
Mesmo com esse elenco completamente talentoso, o longa também sofre ao sabermos quem era a mente por trás dele. Muitos dizem que você precisa separar o autor da obra, mas quando falamos de alguém como David. O. Russell, acusado por assédio sexual por alguém de sua própria família, é difícil ter algum tipo de expectativa positiva. Isso não quer dizer que toda a filmografia de Russel é falha. O Lado Bom da Vida (2012), por outro lado, é um filme que adoro, mas aí já não sei se o motivo de gostar tanto é o roteiro ou por ser o meu momento fangirl da época por Jennifer Lawrence. Amsterdam, porém, não se salva.
O diretor conseguiu desperdiçar um elenco de primeira linha. Amsterdam é um filme longo, com quase 2 horas e meia de duração. Mas a montagem e o roteiro não conseguem encontrar um equilíbrio para que o longa fique despojado e legal, como ele tenta se denominar, mas sim, se torna extremamente confuso e chato. A cada plot twist bizarro que acontecia, esperava ansiosamente para o último.
2.5/5

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