As Marvels ameniza excelente química das protagonistas com pós-produção bagunçada

As Marvels ameniza excelente química das protagonistas com pós-produção bagunçada

Méritos do filme de Nia DaCosta são quase perdidos com a montagem confusa

Bruno Silva
8 de novembro de 2023 - 4 min leitura
Crítica

As Marvels se situa em uma encruzilhada histórica para o Marvel Studios e é afetado por ela de algumas maneiras. O filme tem tudo o que se espera, a essa altura, de um trabalho da produtora: é uma aventura divertida, bem-humorada (às vezes em excesso) e repleta de figuras carismáticas.

Mas, ao mesmo tempo, é um longa lançado durante a primeira grande crise do MCU, na qual uma série de decisões criativas equivocadas têm forçado a empresa a corrigir curso no meio de sua próxima grande saga de filmes.

O resultado é uma produção que claramente sofreu uma tentativa de "desmarvelização", mas, por incrível que pareça, isso acabou criando novos problemas, em vez de sanar o que já era criticado em outras obras do MCU. É impossível sair da sessão sem sentir que faltou um pedaço do filme, já que em diversos momentos os cortes na pós-produção são mais do que aparentes.

GRO-07976-R-1200x800-5b2df79

As tesouradas, aqui, parecem servir a um propósito: dar coesão a um filme que, originalmente, requer que você tenha visto, além do primeiro Capitã Marvel, pelo menos mais outros dois longas do MCU (Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato) e duas séries (WandaVision e Ms. Marvel) para conhecer plenamente seus personagens e conexões.

A maior prova se dá na maneira como começa a aventura, que joga imediatamente a Capitã Marvel (Brie Larson), Monica Rambeau (Teyonah Parris) e Kamala Khan (Iman Vellani) em uma sequência de ação após um artefato místico fazer as três trocarem de lugar quando usam seus poderes ao mesmo tempo.

Ao tentar separar ao máximo estes laços, As Marvels acaba se tornando um filme em que as coisas acontecem simplesmente porque tem que acontecer, o que é impressionante dada a grande quantidade de diálogo expositivo de Rambeau, a cientista deste improvável grupo de heroínas. O único fio condutor da trama acaba sendo a ação, o que até funciona, mas não em todos os momentos.

GRO-01822-RC-1200x800-5b2df79

A grande sorte das Marvels se dá justamente na química de seu elenco. O trio de heroínas se destaca tanto na ação quanto nas interações entre si (Vellani, mais uma vez, é o destaque individual), ainda que o desenvolvimento das relações entre as três claramente seja apressado, provavelmente como consequência das intervenções feitas depois das filmagens.

Curiosamente, as decisões executivas também tiveram um efeito colateral positivo. As Marvels estava previsto para estrear em julho, e o adiamento claramente deu mais tempo para que as empresas de efeitos visuais que trabalham para a Marvel pudessem polir a computação gráfica de modo a evitar o CG vergonhoso de obras como Quantumania ou Thor: Amor e Trovão.

Mas, no fim, a direção de Nia DaCosta é completamente soterrada pela necessidade de Kevin Feige de salvar seu império cinematográfico, em mais um filme que, como todos os outros das Fases 4 e 5 até aqui, não tem outra razão de ser a não ser jogar a bola para o próximo episódio da saga.

Ao contrário de outras obras da Marvel Studios, a costura para fazer este multiverso funcionar se torna bem aparente, revelando que havia sim, um filme com potencial ali. Infelizmente, não teremos a oportunidade de vê-lo. As Marvels, então, é o filme certo para o MCU, mas foi lançado no pior momento possível.

2.5/5

Nota da Crítica
EstrelasEstrelasEstrelasEstrelasEstrelas
Bruno Silva
ONDE ASSISTIR

As Marvels

Ação
1h 45min | 2023
as-marvelsmarvel-studiosbrie-larsoniman-vellaniteyonah-parrisnia-dacostacriticachippu-originalsbruno-silvamarvel

Você pode gostar

titleFilmes e Cinema

A Vida de Chuck surpreende em história fantástica e melancólica, com show de Tom Hiddleston e Mark Hamill

Filme arrebatou o coração do público e venceu o People’s Choice do Festival de Toronto

Alexandre Almeida
15 de setembro de 2024 - 4 min leitura
titleFilmes e Cinema

Saturday Night escapa do “filme para americano” com condução frenética e elenco afiado

Novo filme de Jason Reitman conta com grandes nomes para mostrar as horas que precederam a estreia do SNL

Alexandre Almeida
14 de setembro de 2024 - 4 min leitura
titleFilmes e Cinema

Pinguim acerta na expansão do mundo criminoso de Gotham em mais um show de Colin Farrell

Série da HBO continua diretamente a história criada por Matt Reeves em Batman

Alexandre Almeida
12 de setembro de 2024 - 7 min leitura
titleCríticas

Crítica: Robô Selvagem é uma emocionante história sobre maternidade e pertencimento

DreamWorks abraça sua nova estética e entrega melhor animação do ano (até agora)

Alexandre Almeida
10 de setembro de 2024 - 4 min leitura