'Silvio' não é a bomba que parecia no trailer, mas também não chega a ser bom
Vontade de contar muitas histórias ao mesmo tempo compromete o andamento do filme
Crítica
Silvio chega aos cinemas nesta quinta-feira (12) para contar a história do apresentador Silvio Santos em meio ao seu sequestro, em 2001. Dirigido por Marcelo Antunez (Polícia Federal: A Lei É para Todos), o filme sofreu com uma grande onda de críticas antes mesmo do lançamento, muito por conta do trailer assustadoramente ruim que foi lançado há alguns meses. No vídeo, era possível ver algumas cenas claramente não finalizadas, o que ajudou a criar uma onda de memes e piadas antes mesmo do público assistir o longa.
Chega a ser curioso como o trailer foi tão ruim, mas tão ruim que é bem possível que esse pré-conceito de alguns acabe deixando uma impressão positiva no público ao fim da sessão. Isso porque Silvio não é um bom filme, mas se distancia da tragédia total que o trailer pintava. O grande problema do longa é a falta de coesão do roteiro. Em meio a um personagem tão grandioso, praticamente mítico, como foi Silvio Santos, fica a sensação de que a trama quis contar demais sobre a vida do apresentador e acabou se perdendo da trama do sequestro.
A condução do longa se dá pela mescla de situações do sequestro com flashbacks do passado de Silvio, enquanto o apresentador reflete sobre a vida conforme é mantido em cativeiro pelo jovem infrator. Há histórias passagens muito bem adaptadas da vida de Silvio, mas acabam desconectando o público do perigo do sequestro. E isso acontece muitas vezes, então acaba por 'queimar o cartucho' do suspense.
Essa desconexão causada pela distância da trama do sequestro e as memórias de Silvio/ Senor comprometem o andamento do filme, porque existem passagens mais interessantes que outras, que poderiam render segmentos próprios, mas que acabam sendo não aproveitadas porque o filme precisa voltar para o sequestro. E até mesmo nesse cenário há momentos interessantes, principalmente quando o apresentador toma as rédeas da situação e começa a influenciar nas negociações.
Sobre o trabalho de Rodrigo Faro, ele não tenta imitar o Silvio Santos, o que funciona. Ele tenta fugir da caricatura do Silvio e foca mais na figura do apresentador como pai. Não apenas de sua família, mas do próprio sequestrador. O papel é interpretado de uma forma bem paternalista, e esse acaba sendo um dos bons pontos do longa.
Mas, como dito antes, o filme não se sustenta como unidade e há outros problemas, principalmente no que diz respeito a maquiagem. Ela parece melhor do que nos trailer, só que ainda é muito ruim, o que pode desconectar o público em vários momentos. A trama do sequestrador também não convence muito, infelizmente.
No fim das contas, a vontade de homenagear integralmente a trajetória do apresentador acabou comprometendo o andamento do filme, que não é bom, mas também não é tão ruim quanto parecia no trailer. Fica a sensação de que há pelo menos duas histórias ali que poderiam ser contadas em filmes separados, em vez de abordar todas no mesmo longa.