Transformers: O Início é um recomeço espetacular para os robôs no cinema
Longa conta as origens de Optimus Prime, Bumblebee e Megatron
Crítica
Transformers: O Início chega aos cinemas nesta quinta-feira (26) em uma nova tentativa da Hasbro e da Paramount em estabelecer a franquia para as novas gerações. Há quem não goste, mas há uma parcela do público que é simplesmente apaixonada pelos robôs que se transformam nos carros mais icônicos do mundo. E enquanto houver esse amor convertido em bilheteria, Transformers será imortal.
O lado bom é que esse longa é realmente excelente. E apesar de aparentemente não se conectar com a franquia de filmes dirigidos peloMichael Bay, ele se apoia muito nos conceitos e conhecimentos que muitos fãs pegaram na franquia dos anos 2000.
Pela primeira vez nos cinemas, vemos os Transformers existindo em um mundo sem humanos. A história é ambientada cerca de 3 bilhões de anos antes do nosso tempo. Ou seja, antes mesmo da formação a raça humana, estimada de ter surgido há cerca de 200 mil anos.
Com isso, o público pode enfim ver como eram os tempos supostamente áureos de Cybertron. E esse supostamente está aí porque o planeta vive um sistema de castas complicadíssimo, em que apenas os robôs com um núcleo que permite as transformações conseguem usufruir de uma boa vida, enquanto os demais robôs são destinados a trabalharem em minas, onde escavam Energon, o composto que alimenta os robôs e as cidades em si. Nesse contexto, a história acompanha Orion Pax e B-16, dois mineradores que se tornaram melhores amigos no trabalho, mas que vivem se metendo em confusão por conta da imaturidade e sonhos inalcançáveis de Pax.
A dupla, que futuramente será conhecida como Optimus Prime e Megatron, tem uma química realmente muito boa, já que eles são completamente opostos, mas enxergam e toleram as injustiças sociais de formas distintas. Como dois explorados, ambos sonham em ascender, mesmo que de formas distintas. Enquanto B-16 procura um crescimento por meio do trabalho e de uma ideia sistemática de mérito, Orion não aguenta mais ver seus amigos sendo explorados, enquanto uma parte minúscula da cidade vive numa boa, e planeja o tempo inteiro maneiras de ser ouvido, mesmo que isso coloque a vida de todos em risco. Essa abordagem de amigos que viram inimigos enquanto dividem um objetivo igual não é novidade nos cinemas, mas mostrar que o início de uma das maiores rivalidades da Cultura Pop começou com os líderes estando em lados opostos foi realmente incrível.
Estamos acostumados a ver o Optimus como líder responsável, sábio e dono de uma maturidade fora do comum, enquanto Megatron é o esquentadinho, egoísta e irresponsável. E o mais legal é que essas características vão sendo adquiridas ao longo do filme, conforme suas histórias se entrelaçam e eles vão aprendendo coisas que realmente mudam ideais de qualquer jovem em formação.
Junto a eles, vemos também o nascimento de B-127, o querido Bumblebee. Chega a ser assustador o quanto esse personagem é irritantemente perfeito. Não importa a mídia, não importa a versão, o baixinho azeitado, mas de bom coração é sempre um poço de carisma. E neste mundo animado, uma das melhores piadas parte justamente do público ter a imagem do simpático carrinho amarelo mudo dos longas em live-action. Sua versão mais popular é retratada como um robô que só é capaz de se comunicar pelas canções que tocam na rádio. Aqui, porém, ele é uma matraca incansável. Ele é simplesmente incapaz de calar a boca, o que rende gargalhadas de crianças e adultos.
Também vemos uma expansão fantástica da mitologia do robôs nas telonas, já que temo acesso a registros históricos de Cybertron, à velha guarda real do planeta, a origem da ordem dos Prime, como nasceram os Autobots e os Decepticons, além de vermos as versões antigas de soldados que ainda vão batalhar muito entre si nos bilhões de anos seguintes.
No fim das contas, a direção de Josh Cooley toma vantagem dessa aventura ser uma animação para explorar ângulos e sequências que passam emoção em um mundo de máquinas, além de flertar com aqueles momentos de 'comédia de erros', já que os robozões ainda estão aprendendo a fazer coisas simples, como virarem veículos ou apenas lutarem com as famosas armas mirabolantes.
É uma aventura divertidíssima, que vai encher os olhos de todos os fãs que não aguentavam mais aquele dramalhão humano desnecessário dos live-action. E se consagra como um início muito promissor de uma nova franquia dos Transformers.