Donzela é aventura empoderada que você espera de Millie Bobby Brown
O filme foi apropriadamente lançado nesta sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, na Netflix
Crítica
Desde que estrelou a primeira temporada de Stranger Things em 2016 e ganhou fama suficiente para que pudesse escolher cuidadosamente seus próximos papéis, Millie Bobby Brown parece ter mantido um padrão em sua mente: jovens sagazes que se tornam heroínas dentro de seus próprios mundos. Se for uma produção para a Netflix, então, melhor ainda.
Foi assim com Enola Holmes (2020) e agora o padrão se repete em Donzela, que chegou nesta sexta-feira (8) à plataforma de streaming. No filme, Millie Bobby Brown interpreta Elodie, uma jovem que aceita um casamento arranjado para beneficiar o povo de seu reino, que está sofrendo um período de escassez causado pelo frio intenso. O casamento, no entanto, é apenas uma farsa e Elodie é jogada como sacrifício para um dragão que assombra a família real.
Donzela, então, vê a protagonista em uma jornada de sobrevivência, fugindo da criatura mágica através de longos túneis de uma caverna. É uma história que pretende subverter todos os contos de fadas de “donzela em perigo que é salva pelo príncipe”. Aqui, Elodie precisa salvar a si mesma com a ajuda, de certa forma, das mulheres que foram sacrificadas antes dela. Trabalhando sutilmente conceitos de empoderamento e sororidade, o filme com certeza teve o Dia Internacional da Mulher como data de estreia escolhido a dedo.
Mas ele não soa forçado. Desde a primeira introdução da protagonista, o espectador já sabe que, mesmo sendo da família real, ela não tem medo de usar força bruta e colocar a mão na massa para ajudar na sobrevivência. O roteiro de Dan Mazeau (Velozes e Furiosos 10) ainda desenvolve a personalidade de Elodie, principalmente através da relação com a irmã, Floria (Brooke Carter), e dos diálogos com o príncipe Henry (Nick Robinson), para quem ela é prometida.
Donzela, no entanto, perde a sua força quando Elodie é afastada da sociedade. Millie Bobby Brown consegue segurar as longas cenas que tem sozinha, mas os cenários escuros das cavernas e os poucos diálogos internos da personagem acabam soando repetitivos em pouco tempo.
O diretor Juan Carlos Fresnadillo (Extermínio 2) parece saber disso e enche os túneis de magia e perigos além do fogo do dragão, como se Elodie estivesse passando por fases de um videogame, mas todos esses empecilhos perdem o impacto no terceiro ato do filme que vê a protagonista passando pelos mesmos lugares de novo, agora sem dificuldade alguma.
É triste também que o filme desperdice dois grandes talentos como Angela Bassett e Robin Wright em papéis pouco aproveitados. Mas eles servem para reforçar, claro, a ideia propagada pela produção de mulheres poderosas, heroínas ou vilãs, tanto através de suas personagens, quanto na vida real.
Apesar disso, a produção não tem medo de tomar escolhas arriscadas para o final e sabe aproveitar os poucos momentos do dragão na luz para usar bem seus efeitos visuais, amparados pelos lindos cenários proporcionados pelas gravações em Portugal. Donzela pode não ser uma obra prima, mas entrega tudo o que você espera de uma aventura de fantasia estrelada por Millie Bobby Brown.