Dragon Ball Super: Super Hero - Crítica do Chippu

Dragon Ball Super: Super Hero - Crítica do Chippu

Focado em coadjuvantes, filme de Dragon Ball é aventura descompromissada e divertida

Bruno Silva
19 de agosto de 2022 - 5 min leitura
Crítica


Eu tenho uma teoria: o que realmente nos faz gostar de Dragon Ball é o crescimento de seus personagens, tanto no sentido literal quanto no metafórico. É claro que é ótimo acompanhar batalhas devastadoras e níveis de poder subindo de forma ridícula a cada cor nova dos cabelos de Goku e Vegeta. É isso que nos atrai ao anime/mangá de Akira Toriyama em um primeiro momento. O que nos faz permanecer, no entanto, é ver estes protagonistas casarem e constituírem família.


Dragon Ball Super: Super Hero
parece entender isso ao nos entregar justamente esse lado mais humano de seus protagonistas extraterrestres ou “meio” extraterrestres, em uma aventura que enfatiza esses laços familiares que pareciam um tanto esquecidos nas últimas histórias dos guerreiros Z, seja em séries ou em filmes, como a Toei Animation têm preferido avançar a franquia nos últimos anos.


O longa começa com o renascimento (mais uma vez) do exército Red Ribbon, que atormenta a Terra desde as eras do Dragon Ball clássico. O herdeiro de seu criador, o inescrupuloso Magenta, ludibria o jovem doutor Hedo, neto do criador dos androides e de Cell e amante da cultura de super heróis, a produzir novas máquinas de combate para tentar conquistar o planeta.


Nesse meio tempo, Goku e Vegeta estão ocupados em um longo treinamento no planeta de Bills, e não atendem ao chamado para proteger a Terra. A defesa do mundo cabe, então, a personagens que andavam meio esquecidos nos últimos anos. Em especial, com a dupla Piccolo e Gohan, dois guerreiros poderosos que ficaram de lado à medida que a diferença de poderes entre eles e Goku e Vegeta aumentou.


Este, logo de cara, é o primeiro grande acerto de Super Hero. Nada contra os heróis dublados no Brasil por Wendell Bezerra e Alfredo Rollo — aliás, muito pelo contrário, já que a pequena interação entre ambos neste filme é engraçada e muito bem vinda. Mas Gohan e Piccolo desfrutaram de grande protagonismo no início de Dragon Ball Z, e acabaram cedendo espaço para Goku (e, mais recentemente, Vegeta), à medida que a história avançava.




Ao permitir que o elenco de suporte tenha mais tempo de tela, Super Hero também permite que o próprio filme respire um ar diferente, fugindo de clichês das histórias de Dragon Ball que, quase sempre, repetem o ciclo de um encontro com um inimigo poderoso e a superação dos próprios limites para derrotá-lo.


Esse sopro de ar fresco nos permite ver personagens como Piccolo (que, inclusive, finalmente é valorizado como o criador de parte importante da família de Goku) em situações inusitadas, e fazem até mesmo você esquecer que a montagem e resolução do roteiro se dá de forma um tanto boba, já que basicamente todo o conflito é baseado na inacreditável ingenuidade do doutor Hedo.


Quando chegamos nas cenas de ação, o filme também não faz feio, especialmente com a adoção do 3D. Animações tridimensionais não são novidade na franquia se levarmos em conta produtos como jogos, mas, pela primeira vez, temos um filme que utiliza o CG como recurso.


A melhor parte é que a tecnologia é utilizada com inteligência, permitindo enquadramentos e passagens de câmera espetaculares em cenas de combate em voo ou efeitos de luz que realçam golpes como o Kame Hame Ha, por exemplo. Por outro lado, Super Hero também não deixa de lado o charme do traço de Akira Toriyama, transformando-se em uma animação mais tradicional em momentos de diálogo ou cenas mais calmas.


Depois de uma leva longa de histórias de Dragon Ball que repetiam ciclos e traziam desfechos previsíveis (mas satisfatórios), Dragon Ball Super: Super Hero aproveita o esquecido lado humano da saga para entregar uma aventura divertida, descompromissada e muito bem-vinda.


3.5/5

Nota da Crítica
Bruno Silva

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