Emily em Paris: Parte 1 da 4ª temporada esquece personagens para focar em casal
Muitas histórias secundárias são mal desenvolvidas nos novos episódios da série da Netflix
Crítica
Da primeira à terceira temporada, assistir a Emily em Paris virou quase uma rotina. Os episódios da série eram sempre lançados de uma vez em dezembro, perfeito para você fazer aquela maratona no recesso de Natal e curtir aquela série em que você não precisa pensar muito, apenas aproveitar os lookinhos bonitos, os dramas fáceis da vida da protagonista e os visuais encantadores da França.
A quarta temporada da série, lançada nesta quinta-feira (15) na Netflix, no entanto, inverte o jogo. Além de termos uma espera de quase dois anos desde os episódios anteriores, agora a produção foi lançada em agosto e dividida em Parte 1 e Parte 2, estratégia cada vez mais comum no serviço de streaming. Talvez seja uma junção de todos esses fatores com uma história que sempre parece se repetir, mas os primeiros cinco capítulos da parte 1 não conseguiram encantar.
O novo ano parte exatamente de onde a história foi deixada. Emily (Lily Collins) foi abandonada por Alfie (Lucien Laviscount) após Camille (Camille Razat) revelar, no dia de seu casamento com Gabriel (Lucas Bravo), que seu noivo e a protagonista ainda eram apaixonados. Vale lembrar que Camille está grávida do mocinho, mas, ao mesmo tempo, vivendo um affair com Sofia (Melia Kreiling). Aquela clássica confusão de relacionamento que só Emily em Paris consegue nos proporcionar.
O fato é que agora parece que o caminho finalmente foi aberto para que Emily e Gabriel fiquem juntos sem competição ou grandes dramas (“grandes” sendo essencial aqui, porque dramas eles sempre conseguem arranjar). A cena final do episódio 4, inclusive, é divertida e romântica, ao mesmo tempo que relembra a química tão grande que o casal exalava no primeiro ano da série.
No entanto, para chegar ali, a série criada por Darren Star parece abandonar personagens e narrativas. No primeiro episódio, por exemplo, Mindy (Ashley Park) está desesperada em busca de dinheiro para que sua banda consiga participar do Eurovision. Depois disso, o evento nunca mais é citado.
Algo parecido acontece com Julien (Samuel Arnold), que decide buscar a independência em um novo emprego, apenas para voltar atrás alguns capítulos depois. Toda a trajetória de Camille, então, é mais frustrante ainda. Ela perde a força das temporadas anteriores apenas para atender a um roteiro que quer movimentar, novamente, a história de Emily e Gabriel.
Por outro lado, a história de Sylvie (Philippine Leroy-Beaulieu) ganha um destaque bem-vindo neste ano. Ela não só tenta retomar a vida com o marido, Laurent (Arnaud Binard), como ainda vemos um pouco da relação interessante que ela tem com a mãe. Mas, principalmente, é ótimo assistir à integridade da personagem no relato do abuso dentro da JVMA.
A quarta temporada de Emily em Paris continua com dramas leves, lookinhos bonitos e visuais encantadores, mas talvez essa não seja a série certa para se dividir em duas partes. O que já costuma ser superficial, em apenas cinco episódios de menos de 30 minutos, parece ficar ainda mais evidente.
Com apenas três capítulos restantes para o final da temporada –e um novo interesse amoroso para Emily que ainda vai ser introduzido ali–, imagine como será a Parte 2.
Crítica originalmente publicada no nosso site irmão, Omelete.