Irmãos é comédia sem inspiração e um desperdício do talento de Josh Brolin e Peter Dinklage

Irmãos é comédia sem inspiração e um desperdício do talento de Josh Brolin e Peter Dinklage

Max Barbakow passa longe do sucesso de Palm Springs

Alexandre Almeida
18 de outubro de 2024 - 5 min leitura
Crítica

Max Barbakow foi aos poucos ganhando seu espaço em 2020, ainda na época da pandemia, com uma versão moderna de Feitiço do Tempo. Em Palm Springs, Andy Samberg e Cristin Milioti formaram uma dupla que segurava tanto a comédia quanto o drama, a partir do carisma e da habilidade do diretor em trabalhar a dinâmica do “dia da marmota” de um jeito que ao menos parecia fresco. Com Irmãos, nova produção do Prime Video, o diretor busca inspiração - e até mais do que isso - em outra comédia: Gêmeos, com Arnold Schwarzenegger e Danny DeVito. Mas passa longe do sucesso do filme anterior.

Moke (Josh Brolin) e Jady (Peter Dinklage) são gêmeos que, após a mãe os abandonar durante uma fuga com esmeraldas, acabam virando criminosos até que Jady é preso. Moke tenta levar uma vida normal ao lado da esposa grávida, até que o irmão sai da cadeia e os dois embarcam em uma perigosa viagem para realizar um último assalto. Os dois passam a ter que discutir a relação e tentar reconciliar suas diferenças antes que sua missão falhe. Claro, a mãe (Glenn Close) volta ao jogo e um polícial corrupto e esquentado (Brendan Fraser) fica na cola deles.

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Não há novidade nenhuma na história. Dos arquétipos dos protagonistas - um criminoso e espertalhão e o outro pacato e querendo andar nos trilhos - até o desenvolvimento da história, tudo é muito fácil de prever. É um amontoado de clichês que passa ainda por uma participação especial de Marisa Tomei, que também volta a fazer o mesmo tipo de papel de sempre, com um tom “chapado” para parecer engraçada e, no fim das contas, paranóica. Pelo menos, o único momento genuinamente engraçado do filme acontece quando ela e seu “pet” estão por perto. Há também um mérito para Josh Brolin ali.

Aliás, ele e Dinklage até se esforçam para dar alguma graça para a história. A semelhança deles é curiosa, mas nunca aproveitada pelo diretor. Tirando o fraco conflito com a mãe, nada justifica que o filme seja contado do ponto de vista de dois irmãos gêmeos. O roteiro de Etan Cohen (não confundir com Ethan Coen, dos irmãos diretores) e Macon Blair, precisa o tempo todo que eles fiquem falando da matriarca para reforçar seu laço. É um desperdício do talento de ambos, que ali pelos 30 minutos de filme, ainda ensaiam algum brilho, mas logo voltam a não ter o que fazer, além de gritar um com o outro.

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O mesmo vale para Glenn Close e Brendan Fraser. O ator parece saído diretamente das comédias que fazia pós-A Múmia, como Monkeybone e Polícia Desmontada. É uma comédia histérica, baseada numa gritaria, que poderia ser fundamentada no roteiro - já que ele se sente culpado pela “fuga” de Jady e quer o tesouro dos irmãos -, mas que desde o início se mostra desproporcional e sem inspiração. Glenn Close até tenta algum humor físico, correndo pelos cenários pobres da produção, mas acaba tendo que se segurar por conta de um drama barato e uma dúvida de caráter que ninguém duvida.

Irmãos é uma grande decepção para quem gostou de Palm Springs. Não há a qualidade narrativa, técnica e de direção de atores, que fizeram do filme de 2020 uma grata surpresa em meio aos filmes de streaming e outros lançamentos corridos para fugir do fechamento dos cinemas. Um desperdício do talento de quatro grandes atores e do uso de uma ideia que quase justifica o porquê do filme de Schwarzenegger e DeVitto nunca ter tido a continuação que os fãs sempre pediram. No fim, é melhor rever o clássico.

Nota da Crítica
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Alexandre Almeida

0h 0min
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