
M3GAN desperdiça conceitos divertidos com roteiro fraco - Crítica do Chippu
Filme de terror da boneca tecnológica produzido por James Wan chega aos cinemas em 19 de janeiro

Crítica
A mistura entre comédia e terror é uma das combinações mais comuns no cinema. Nos últimos anos, essa junção ganhou contornos mais modernos com cineastas que incluíram temas mais contemporâneos e cada vez mais mainstream, o que tornou o gênero de terror algo menos nichado e cada vez mais aceito pelo público e até pela crítica especializada que normalmente rejeita filmes de gênero. Não à toa, Corra! e Ex Machina estiveram no Oscar
Pois bem, M3GAN não tem nada a ver com isso. Produzido por James Wan, responsável pela franquia Invocação do Mal e criador de filmes como A Freira, Annabelle, Sobrenatural e Jogos Mortais, o longa bebe de todas as fontes criativas do cineasta, que apesar de excelente diretor, tem mais escorregões do que acertos na cadeira de produção. Isso se falarmos em qualidade, para este que vos fala, lógico, pois o rendimento em bilheteria é mais do que positivo - e não deve ser diferente com Megan.
O roteiro conta a história de uma garota que perdeu os pais e vai viver com a tia, uma inventora de brinquedos que usa sua mais nova criação, M3GAN, para suprir a atenção da órfã. A boneca tem uma inteligência artificial super avançada e aos poucos evolui para um brinquedo assassino, focado em proteger a criança, mas capaz de matar o que precisar para cumprir a missão.
Em conceito, os temas de M3GAN se parecem com Chucky e Exterminador do Futuro, mas tudo fica na superfície. A caricatura da empresa de tecnologia se limita a um texto fraco para uma espécie de Elon Musk, o CEO, que nunca se alinha com os dilemas ou mesmo o tom dos inventores da boneca.
Esse desequilíbrio das temáticas, que nunca conseguem pelo menos dizer a que veio, não acontece com as passagens de comédia e terror. Aqui, o diretor Gerard Johnstone usa do excelente design de personagem - um ser que parece um humano que virou boneca, e não o contrário - para causar a estranheza necessária para assustar.
A combinação atinge o auge com a bizarra cena da canção de ninar, que comprova quão sem humanidade é a boneca, mas não se distancia da paródia que o filme flerta. O mesmo pode-se dizer da cena da dança, da caça ao menino malvado ou da luta final, cheia de homenagens à Chucky e músicas infantis.
Assim como outras franquias de Wan, M3GAN acerta no alvo em relação a criação de personagem, do conceito de gênero que envolve a história em si, mas fica nisso. O roteiro, melhor que exemplos como A Freira ou mesmo o primeiro Annabelle, desperdiça ótimas oportunidades (que chegam a ser abordadas mas são esquecidas) de tornar a paródia mais forte e condizente com a excelência alcançada pelos trejeitos de uma boneca encantadora e assassina.
2.5/5

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