Meninas Malvadas honra original, mas consegue trazer frescor para a história
A nova versão do filme de 2004 chega nesta quarta-feira (10) aos cinemas
Crítica
Em um mundo em que remakes são anunciados de forma cada vez mais frequente, vinte anos poderia ser tempo suficiente para lançar uma nova versão de Meninas Malvadas. O longa original, estrelado por Lindsay Lohan e Rachel McAdams, no entanto, nunca ficou no passado.
Até hoje, frases como "às quartas usamos rosa" e "isso é tão barro" fazem parte do vocabulário eternizado pela cultura pop, e Regina George foi imortalizada como um dos maiores ícones dos filmes adolescentes.
O novo Meninas Malvadas, no entanto, tem um trunfo na manga: ele não é exatamente um remake do filme de 2004 e, sim, uma adaptação do musical da Broadway de 2019. A história é a mesma, claro, e Tina Fey está envolvida em todas as versões, mas colocar músicas nas telonas traz uma novidade para a história que já conhecemos de trás pra frente.
Aqui, o enredo continua o mesmo: Cady (Angourie Rice) é a garota nova que acaba de chegar do Quênia e é recrutada pela abelha rainha da escola, Regina George (Reneé Rapp), para fazer parte do grupo dela, ao lado de Karen (Avantika Vandanapu) e Gretchen (Bebe Wood).
Enquanto se enturma com as meninas mais populares, ela ainda mantém uma amizade secreta com dois excluídos, Janis (Auli'i Cravalho) e Damian (Jaquel Spivey), e uma quedinha pelo ex-namorado de Regina, Aaron Samuels (Christopher Briney).
Em meio aos clássicos conflitos escolares que ganham um drama ainda maior por estarem sendo vividos por adolescentes, Meninas Malvadas traz números musicais grandiosos, que se aproveitam muitas vezes da imaginação dos personagens para fugirem do básico.
A apresentação de Revenge Party, por exemplo, vira uma verdadeira festa colorida nos corredores do colégio, enquanto Sexy (apesar de ser uma música simples) ganha coreografias e uma montagem bem divertida para apresentar a famosa cena de Halloween.
Esse, no entanto, não é o caso de todas as faixas. O solo de Gretchen parece deslocado e algumas músicas de Cady são, honestamente, sem graça. Isso acaba atrapalhando o ritmo do filme, afinal, ela é a protagonista e tem a maior parte dos números musicais.
Mas, se Meninas Malvadas perde seu poder nos momentos de Angourie Rice, recupera tudo de volta com Reneé Rapp. Estrela também do musical da Broadway, Renée traz uma Regina George tão ácida, debochada e poderosa na medida certa que é difícil não torcer pela vilã. Inclusive, grandes chances do trecho "My name is Regina George" ficar grudado na sua cabeça após o filme.
Agora o destaque desta vez vai para Auli'i Cravalho e Jaquel Spivey como Janis e Damian. Os dois são a alma desta versão de Meninas Malvadas e responsáveis pelos momentos mais engraçados do longa. As músicas ficam ainda mais poderosas na voz de Cravalho (que também é a dubladora oficial da Moana, da Disney) e Spivey tem um timing perfeito para a comédia.
A dupla também ajuda a atualizar momentos específicos da trama, ao lado de uma montagem que se aproveita muito das redes sociais, tanto em formatos (alguns momentos acontecem na vertical), quanto para o enredo. É real demais o quão rápido alguém é cancelado ou idolatrado com o poder dos Stories, Tiktoks e lives.
Na era de remakes, Meninas Malvadas faz o suficiente para justificar sua existência: honra o original, enquanto traz um frescor necessário para a história.