Monstros: Irmãos Menendez é true crime que a Netflix sabe fazer como ninguém

Monstros: Irmãos Menendez é true crime que a Netflix sabe fazer como ninguém

Sequência de Dahmer: Um Canibal Americano foca em histórico caso dos filhos que mataram os pais em Los Angeles

Thiago Romariz
20 de setembro de 2024 - 4 min leitura
Crítica

[Essa crítica também foi publicada no Omelete, parte, assim como o Chippu da Omelete Company]

A combinação entre Netflix e Ryan Murphy é tudo menos surpreendente. Dois dos grandes nomes do entretenimento atual, esta parceria transforma as histórias tradicionalmente contadas pelo roteirista, diretor e produtor, que normalmente ama casos reais e com ares de tragédia, e às adaptam a um formato maratonável e super bem produzido da gigante do streaming.

Foi assim com títulos como Hollywood, The Boys in The Band, Halston, Ratched e o maior de todos os sucessos, a antologia de crimes reais, Monstro. A primeira temporada, focada em Jeffrey Dahmer, o canibal interpretado por Evan Peters, se tornou uma das mais populares e premiadas séries do serviço. A segunda temporada chega para contar a história dos Irmãos Menendez, responsáveis pelo assassinato dos próprios pais, e donos de uma jornada recheada de controvérsias - perfeita para uma trama entre famílias excêntricas e poderosas.

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Diferente da antecessora, a nova temporada de Monstros diminui o tom da fotografia sombria, dos corredores sujos e tenebrosos pelos quais Dahmer levava suas vítimas, e traz um pouco do ambiente solar que Los Angeles permite. Se Evan Peters usou esse cenário para montar uma versão do serial killer tão assustadora quanto o real, Murphy opta por não pesar a mão no ambiente e paulatinamente apresentar as camadas que tornam este segundo ano digno do título "Monstros".

Nos primeiros episódios, Erik (Cooper Koch) e Lyle (Nicholas Alexander Chavez) são pintados de forma simples como os filhos mimados que matam os pais por motivos escusos. Nada é deixado claro e, consequentemente, pouco interesse é criado na relação deles com os pais ou mesmo nos motivos do crime em si. O que segura o primeiro arco da série é a atuação magnética da dupla protagonista, que mesmo dividindo momentos com um gigante como Javier Bardem, conseguem fazer jus ao posto de protagonistas. Ambos são parecidos, mas têm formas diferentes de mostrar inseguranças; Erik é agressivo, Lyle recatado, mas nem por isso o roteiro esquece a aura monstruosa deles.

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O começo morno dá espaço a um miolo que torna a série tudo que uma novela de Ryan Murphy tem de melhor: atuações explosivas, diálogos caricatos e impactantes e, como sempre, experimentos narrativos que vislumbram um envolvimento ainda maior do espectador. Neste caso, o momento especial fica com o episódio 5, "Apelido", gravado em uma só tomada, sem nunca sair da mesma posição, contribuindo para uma excelente (e provavelmente premiada) atuação de Cooper Koch. Neste segundo ato da série, o elenco fica ainda mais variado com a ótima adição de Nathan Lane e Ari Graynor, e dá dinamismo às novas narrativas, tornando Monstros uma série que vai além da brutalidade dos assassinatos.

Tanto o encerramento quanto os momentos mais impactantes da temporada carregam o selo Ryan Murphy de sensacionalismo. O autor não economiza nas palavras fortes, no grafismo dos assassinatos ou no exagero de seus cenários, figurinos e maquiagens. Monstros é, sim, apelativa, mas o faz de uma maneira sem vergonha de ser e com instrumentos narrativos que dificilmente não engajam qualquer tipo de espectador. E isso não acontece somente por uma curiosidade mórbida que o true crime carrega como gênero, mas pelas excelentes atuações e dinamismo que a montagem e divisão de narrativas traz à série.

Nota da Crítica
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Thiago Romariz

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