Mulher-Hulk: Direito Super-Humano - Crítica com Spoilers

Mulher-Hulk: Direito Super-Humano - Crítica com Spoilers

Segundo episódio reforça as qualidades e defeitos da série

Guilherme Jacobs
25 de agosto de 2022 - 5 min leitura
Crítica

O texto abaixo contém spoilers de "Direito Super-Humano," o segundo episódio de Mulher-Hulk


O segundo episódio de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis reforça as qualidades e defeitos vistos no capítulo anterior. Sim, os efeitos especiais ainda são distrações em algumas cenas, mas há muito para celebrar, especialmente o trabalho de Tatiana Maslany como Jennifer Walters. Aqui, vemos sua rápida ascensão à fama depois de salvar o tribunal da Titânia (Jameela Jamil) e as consequências do feito heroico. Ela se tornou uma distração, alguém sempre aprovada pelo júri como uma salvadora. Por isso, ela não pode ser empregada pela procuradoria.


Por outro lado… Jennifer Walters se tornou a contratação ideal para uma firma milionária que, recentemente, abriu uma divisão para representar pessoas com super poderes. A sacada, porém, é que eles querem a Mulher-Hulk, não Jennifer Walters.


Novamente encontrando maneiras inteligentes de fazer comentários sobre fatos da realidade através da situação da protagonista, Mulher-Hulk brinca, aqui, com a ideia de mulheres contratadas por razões sem relação com seu profissionalismo. Walters ainda se vê desrespeitada como advogada. Ela não foi contratada primariamente por seu talento em montar uma defesa sólida e capacidade argumentativa. A firma precisa de um rosto para sua iniciativa. Alguém famosa e com alto índice de aprovação. Logo, por que não contratar uma advogada super poderosa? Isso oferece um potencial dramático e cômico interessante para a série. Afinal, agora Jennifer Walters precisa calar a boca de quem acha que ela é “apenas um rostinho verde.” Assim como várias mulheres talentosas e competentes são reduzidas à beleza e veem seus feitos menosprezados simplesmente por causa de seu gênero, Walters precisará lidar com as críticas como “você só vence os casos porque é uma Hulk.”


Só vamos torcer para interações como essas serem mais engraçadas e inteligentes do que a rápida conversa com um ex-colega no bar. O momento é o clichê do clichê, do clichê. Ao invés de trabalhar o diálogo e deixá-lo afiado, a série prefere exagerar, concluindo com o idiota chamando uma mulher de “aquilo.”


Por outro lado, Maslany continua ótima. Ela é capaz de elevar o material às vezes bem básico e óbvio da série, trazendo charme e humor para as situações nas quais Walters se encontra e brilhando quando o roteiro de Jessica Gao está funcionando. A atriz faz um belíssimo trabalho nas suas interações com seu primo Bruce Banner (Mark Ruffalo) e, claro, com o Abominável (Tim Roth). O vilão, responsável por tentar matar o Hulk, será seu primeiro cliente. Walters resiste à ideia até ouvir os argumentos do inimigo, numa cena na qual Roth é muito convincente, e receber o ok de seu primo. Banner a encoraja. A luta contra o Abominável foi há anos. Ele era outra pessoa. No caso, Edward Norton.


O trabalho parece fácil. Há claros argumentos para culpar o governo pelas ações do Abominável, cujo nome civil é Emil Blonsky, e ele parece genuinamente arrependido pelos acontecimentos. O problema, porém, é que imediatamente após aceitar o caso, Walters liga a TV e vê seu novo cliente lutando num torneio do submundo das artes marciais. O momento, visto em Shang-Chi, dificulta as coisas.


O próximo episódio deve finalmente nos entregar a prometida comédia de tribunal que essa série devia ser. Ainda não vimos Walters trabalhando. O desafio será executar isso com a personagem em seu modo Hulk, afinal ela foi contratada por conta de seus super poderes. A exigência de seu chefe é detestável, e não só porque desconsidera as qualidades de Jennifer como advogada. No seu rápido passeio pelo novo escritório, a Mulher-Hulk finalmente é colocada ao lado de humanos normais. É uma primeira impressão complicada. Do lado do Hulk, ela se tornava mais natural, mas junto de pessoas sem poderes, os efeitos especiais vão se tornar mais problemáticos. A física de seu caminhar, suas expressões faciais, a maneira com a qual a luz acerta sua pele verde. Tudo colabora para nos fazer prestar atenção nas coisas erradas.


Agora, Mulher-Hulk (a série) precisa nos convencer enquanto Mulher-Hulk (a advogada) convence um júri. Quem terá mais sucesso?

Nota da Crítica
Guilherme Jacobs

0h 0min
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