O Livro de Boba Fett: Capítulo 2 - Crítica do Chippu

O Livro de Boba Fett: Capítulo 2 - Crítica do Chippu

Apresentando novas ameaças e mergulhando na cultura dos Tuskens, segundo episódio eleva a qualidade da série

Guilherme Jacobs
5 de janeiro de 2022 - 6 min leitura
Crítica

O texto a seguir contém spoilers do segundo capítulo de O Livro de Boba Fett.


Nunca duvide de Jon Favreau e Dave Filoni quando o assunto é Star Wars. Semana passada, critiquei a maneira como os flashbacks de O Livro de Boba Fett para o tempo de Boba com os Tuskens estava distraindo da narrativa mais interessante, com o personagem principal e Fennec Shand (Ming-na Wen) estabelecendo seu comando do submundo criminosos de Tatooine. Com o segundo episódio, a série não só dobrou sua aposta nas sequências de memória (responsáveis por 2/3 do tempo do capítulo), como elevou o material, tornando superior à história do presente.


São apenas 15 minutos antes de Fett entrar em suas memórias novamente. O assassino capturado por Fennec é revelado como parte do Vento Noturno, um grupo de matadores de elite aparentemente contratado pelo prefeito para eliminar o novo Daimyo. Ao ser confrontado, porém, o prefeito Mok Shaiz direciona Boba para o Santuário da Madame Garsa, garantindo que o verdadeiro contratante será descoberto lá. Dito e feito. Uma dupla de primos de Jabba - por hora nomeados Os Gêmeos - faz sua entrada triunfal na cidade, cobrando o território do falecido Hutt de volta. Acompanhando eles está Black Krrsantan, um Wookie caçador de recompensas.


Krrsantan é um personagem apresentado nos quadrinhos de Star Wars em 2015 como um Wookie que deixou seu povo em vergonha e se tornou um caçador de recompensas contratado por Jabba para matar Obi-Wan, e depois por Darth Vader em outras missões. Apelidado de Santy, ele é descrito por Boba (com quem já se encontrou nas HQs) como um gladiador e provavelmente será um adversário do protagonista futuramente. Esse momento é puro suco de Star Wars. Visualmente, os Gêmeos - com suas caldas nojentas entrelaçadas e corpos pesados se apoiando um no outro - e Santy, de pelo preto e alta estatura, trazem um impacto imediato. Você já viu personagens assim. Mas nunca exatamente como estes.


Os Gêmeos se afastam de Fett prometendo resolver as pendências depois, e logo vamos para o flashback. As sequências do passado nesta semana são bem mais cativantes, com menos cenas de ação confusas durante a noite e tentativas repetidas de fugas e mais desenvolvimento dos Tuskens e sua cultura. Agora um aliado, Boba descobre mais sobre os costumes e tradições do Povo da Areia. Vemos o treinamento com o bastão com o qual o personagem apareceu em The Mandalorian, passamos por rituais de iniciação incluindo um lagarto no cérebro e a criação da própria arma do futuro Daimyo. O aprofundamento na mitologia desses alienígenas até então tão agressivos quanto são misteriosos já é uma das grandes conquistas da série, adicionando camadas de detalhes e transformando Fett no substituto da audiência, descobrindo a vida dentro das tribos do Mar das Dunas. O grande destaque, entretanto, vem com uma aventura digna de faroestes.


As influências do gênero de faroeste em Star Wars estão presentes desde o começo, e como as esporas nas botas de Fett deixam claro, o personagem foi fortemente inspirado em cowboys do velho-oeste. Nada mais justo, então, do que colocá-lo para liderar os Tuskens num assalto a um trem. Repleto de momentos empolgantes, a sequência (sem dúvida concebida com a ajuda de Sam Hargrave, diretor de Resgate e veterano do mundo de dublês trabalhando aqui como diretor de segunda unidade) é criativa, elétrica e cativante. Cheio de recursos - incluindo a especiaria minada por alienígenas nas minas de escravos de Kessel, algo visto em Han Solo: Uma História Star Wars - o trem equipa os Tuskens com mais tecnologia e equipamentos, além de servir como prova final para a entrada de Boba Fett na tribo como um membro.


É preciso também destacar a fotografia deste Capítulo 2. Tanto o assalto ao trem quanto a iniciação de Fett nos Tuskens são filmados com muita qualidade, o que não é surpresa se você notar nos créditos o nome de Dean Cundy. Veteranos de filmes de John Carpenter como O Enigma de Outro Mundo e Fuga de Nova York, e responsável por filmar clássicos como Jurassic Park, ele traz seu olhar icônico para o cargo de diretor de fotografia aqui, posicionando a câmera e estabelecendo os enquadramentos com muita experiência e destaque.


Será curioso ver como O Livro de Boba Fett equilibrará as duas histórias daqui para frente. O foco pesado nos Tuskens nessa semana avançou, e muito, a narrativa dos flashbacks ao ponto de não deixar uma rota clara a ser seguida em diante, enquanto a trama no presente está ficando cada vez mais complexa. De qualquer forma, já é empolgante imaginar Fett trazendo o Povo da Areia de volta para ajudá-lo numa eventual batalha final contra os Gêmeos e Santy.

Nota da Crítica
Guilherme Jacobs

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