Não há nenhum senso de perigo em relação aos vilões mafiosos quando enfrentam McCall. Já na primeira cena, Fuqua coloca o personagem com uma barra muito acima de qualquer outro. São vários corpos (e muito sangue) no chão e você sabe que outros tanto virão. Isso vai se repetindo ao longo de toda a trama. O grande perigo está aos que rodeiam McCall, personagens secundários que, sem muito desenvolvimento, acabam caindo em arquétipos de fácil empatia: o médico idoso, a família do policial bonzinho, a garçonete que se interessa pelo protagonista, o comerciante que não tem dinheiro e por aí vai.

Mesmo o chefão da máfia (Andrea Scarduzio), que se desenha como um vilão de John Wick quando apresentado, acaba não fazendo nem cócegas ao potencial de McCall.

Por outro lado, é humanamente impossível não se divertir com esse status de super-humano do personagem. Ele perambula pelo vilarejo, sempre vigilante, seja de bengala ou em sua forma plena. É simpático com todos e todos gostam dele. Há uma repetição do momento “McCall tomando chá” que não cai na enrolação de roteiro, simplesmente pelo carisma de Denzel Washington e no bom humor que o filme coloca no ex-militar. A parte cômica do personagem é ótima.

O filme se perde ao tentar ser mais complicado do que realmente é, colocando McCall em contato com uma agente do FBI (Dakota Fanning) e envolvendo a agência em uma caçada contra a mesma máfia que o protagonista vai ter que lidar para ajudar a cidade. É um emaranhado sem sentido, que serve para um único propósito no final do filme e que só quem é fã da série vai entender. Sim, chegamos ao fan-service de Equalizer!

O Protetor: Capítulo Final é divertido, tem cenas de ação estilosas, de fácil compreensão e com Fuqua abusando das luzes e sombras para esconder McCall - e Washington com seus 68 anos. Todo o resto, você vai acabar esquecendo ao final da projeção.

Mas o sorriso de Denzel Washington... esse faz valer o ingresso.