One Piece Film: Red - Crítica do Chippu
Primeiro longa de One Piece a estrear nos cinemas nacionais alia ótimas sequências visuais com história emocionante
Crítica
Há até pouco tempo atrás, um anime chegar aos cinemas brasileiros era atestado de popularidade. O cenário parece estar mudando, o que é benéfico para outra produção já consagrada que, enfim, teve sua chance de brilhar no mercado nacional: One Piece. E provavelmente não há melhor filme para abrir esse caminho para a franquia nas telonas nacionais do que One Piece Film: Red.
Décimo quinto filme baseado no mangá de Eiichiro Oda, Red é uma culminação de diversos tipos de história que deram certo para as adaptações da saga no cinema. No longa, o bando do chapéu de palha vai até a ilha de Elegia para assistir ao show da popstar Uta (Kaori Nazuka na versão em japonês e Bianca Alencar na dublagem brasileira). Chegando lá, a grande revelação: ela é filha de ninguém menos do que Shanks (Shūichi Ikeda/Silvio Giraldi), o lendário pirata que teve grande influência nos sonhos do protagonista Luffy (Mayumi Tanaka/Carol Valença).
Essa, claro, é apenas uma das reviravoltas do longa, que consegue unir bem algumas das maiores qualidades de produções recentes de One Piece no cinema. Filmes baseados em animes consagrados geralmente trazem histórias inéditas e desconectadas do cânone principal (em uma tendência que pode, inclusive, estar chegando ao fim graças à Demon Slayer).
Com a saga de Luffy não foi diferente, muito embora a Toei Animation tenha utilizado esse tipo de produto para outros fins, como resumir arcos inteiros de seu anime (o que não é nada ruim, tendo em vista que já são mais de mil episódios), ou até mesmo reunir uma série de coadjuvantes e vilões consagrados no mesmo estilo Vingadores: Guerra Infinita, como
Aqui, o show de Uta serve como o melhor contexto para reunir estes diversos personagens de forma pacífica, para que todos estejam convenientemente no mesmo lugar quando o perigo começa a espreitar e as verdadeiras intenções de Uta são reveladas.
O que mais chama a atenção em Red, claro, é o visual. Fazendo-se valer do orçamento mais polpudo e das características de sua antagonista, o filme faz a ação se desenrolar em meio ao setlist da apresentação de Uta, na qual as cenas de ação se misturam a um rol de músicas originais, em performance da cantora japonesa Ada na versão original (e da própria Bianca Alencar na dublagem).
As sequências musicais são um verdadeiro espetáculo de cores e animação, em mais uma mistura interessante do 2D com o 3D. Mas, ao contrário de Dragon Ball Super: Super Hero, a utilização da animação em computação gráfica é mais contida, focada principalmente nas coreografias de Uta e nos efeitos visuais.
Sob o comando de Goro Taniguchi, conhecido por seu trabalho na animação de Code Geass e diversas produções da Sunrise, o longa também sabe aliar bem as cenas de luta e a condução do roteiro, que se desenrola com uma ótima cadência, especialmente se levarmos em conta que uma de suas principais missões é desenvolver a relação de Luffy com uma personagem inédita que, em tese, tem laços antigos com o protagonista.
É uma situação difícil de vender e que poderia dar muito errado, mas funciona de forma crível graças à condução do roteiro, que também sabe dosar bem as participações do extenso elenco de coadjuvantes — ainda que seja bem econômico com a aguardada participação de Shanks.
Vale também ressaltar o bom trabalho da dublagem brasileira que, a exemplo da versão disponível no catálogo da Netflix, sabe aliar bem o jeitão informal do bando do Chapéu de Palha com gírias populares que fazem até a gente relevar, um pouco, o fato de todos os golpes serem incompreensíveis pela falta de tradução.
Mesmo se você começou agora a assistir o anime ou é fã há décadas, One Piece film: Red traz um ótimo equilíbrio de ação e emoção que fará você se sentir como se estivesse acompanhando uma versão condensada de uma das várias ótimas sagas do anime.
3.5/5