Pisque Duas Vezes: Zoë Kravitz faz estreia brilhante na direção com história surpreendente e forte

Pisque Duas Vezes: Zoë Kravitz faz estreia brilhante na direção com história surpreendente e forte

Channing Tatum estrela o longa, que chega aos cinemas no dia 22 de agosto

Bruna Nobrega
15 de agosto de 2024 - 4 min leitura
Crítica

Pisque Duas Vezes talvez seja o filme perfeito: aquele que você vai completamente sem expectativas e é surpreendido da melhor maneira possível. Não me entenda mal, Zoë Kravitz é uma ótima atriz, mas era difícil saber de antemão como ela iria se sair em sua estreia como diretora. Spoiler: ela sabia exatamente o que estava fazendo.

Outras coisas também ajudaram na falta de expectativas. Channing Tatum em um papel de vilão talvez não fosse tão crível, e o suspense psicológico com toques de terror não teve aquela grande divulgação em que você vê cartazes para todos os lados. No entanto, já podem se preparar para o melhor marketing possível: o boca a boca.

Afinal, é difícil não sair impactado depois de assistir ao filme. Aqui, vamos acompanhar Frida (a maravilhosa Naomi Ackie), uma garçonete que é convidada pelo bilionário Slater King (Tatum) para passar as férias em sua ilha particular. Ao lado dele, estão outros empresários, amigos de infância, atrizes e modelos. Para não se sentir tão deslocada, Frida também é autorizada a levar sua melhor amiga, Jess (Alia Shawkat, que vai perfeitamente do alívio cômico para o prenúncio do terror).



E é interessante como, apenas a presença de uma mulher a seu lado, já traz um certo alívio para acompanhar essa história que, como sentimos desde o começo, não vai ter um final pacífico. Afinal, como Triângulo da Tristeza e O Menu provaram nos últimos anos, um grupo de estranhos presos em um lugar remoto é sinônimo de problema.

Em Pisque Duas Vezes não poderia ser diferente e a construção que Zoë Kravitz faz equilibra bem a mesma sensação vivida por Frida inicialmente: tudo parece incrível, mas será que não é perfeito demais? A ilha é um ótimo balanço de natureza e construções simétricas. As cores são vibrantes. Os personagens são lindos. O cuidado vem até na forma com que as comidas e bebidas nos são apresentadas.

Mas é fácil sentir aquele arrepio na espinha quando o único biquíni disponível no quarto da protagonista cabe perfeitamente nela e é igual ao que todas as outras mulheres acabam vestindo também. Todos brancos, vale dizer. Sempre com um toque marcante de vermelho. Cor, aliás, que Kravitz usa aos montes e que, ao final do filme, parece uma perfeita referência a Matrix, com a pílula que conduz ao mundo real.

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Os funcionários de Slater também destoam da perfeição. Os sorrisos forçados – que remetem ao trabalho de Jordan Peele em Corra! – são aterrorizantes, assim como as cobras que insistem em surgir pela propriedade. A sensação de Frida quando acorda todos os dias, com terra debaixo das unhas e machucados pelo corpo, também ajudam a encaminhar o filme para sua revelação assustadora sobre o que realmente acontece ali.

O olhar estético de Kravitz na direção já seria um ótimo destaque para sua estreia, mas a aventura em que ela nos leva a partir daí, através do roteiro feito ao lado de seu amigo de longa data E.T. Feigenbaum, também é digno de nota. Questões raciais e de gênero são abordadas sem nunca limitar suas personagens apenas a isso, e a sucessão de acontecimentos nunca é previsível.

Pisque Duas Vezes culmina em um final que pode não agradar a todos, mas que se liga perfeitamente a tudo o que o filme apresentou até ali, especialmente uma frase que Frida revela que sua mãe sempre dizia a ela. “Sucesso é a melhor vingança.”

Nota da Crítica
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Bruna Nobrega

Pisque Duas Vezes

Comédia
Crime
Mistério
0h 0min | 2024
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