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Project Silence mistura fórmula de Invasão Zumbi com cachorros assassinos geneticamente modificados - Crítica do Chippu
Assistimos ao filme de Kim Tae-gon no Festival de Cannes
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Crítica
Uma aventura letal em linha reta. Um pai workahólico e uma filha distante. Várias criaturas capazes de se mover em alta velocidade e arrancar sua pele com uma mordida violenta. Pode parecer que estou falando de Invasão Zumbi, mas na verdade essa mesma descrição pode ser aplicada ao divertido, mas pouco comprometido Project Silence. Um suspense com toques de terror, o filme de Kim Tae-gon não envolve mortos-vivos à bordo de um trem para Busan, e sim cachorros assassinos geneticamente modificados para servir como arma secreta do exército coreano.
A proposta tem tudo para entregar uma diversão trash gostosa, algo alcançado normalmente quando algo é tão ruim que dá a volta até ser bom, ou quando apresenta suas características, por mais bizarras e bobas que sejam, com precisão e qualidade. Não me entenda errado. É difícil assistir à Project Silence, no estado de mente correto e com a companhia certa, e sair reclamando de como você gastou seus últimos 90 minutos. Você recebe o que pediu. 10 cachorros militares, todos clones, se soltam numa ponte entre Seul e um aeroporto quando, graças à grossa neblina, um acidente gigante deixa dezenas de carros, ônibus e caminhões presos. Para completar, um erro de programação faz os cães considerarem todos os civis ali como alvos. Uma longa noite começa.
Tae-gon e sua equipe merecem créditos por construírem diversas imagens e sequências marcantes envolvendo essas feras, a começar pela primeira vez que vemos um deles claramente, e imediatamente sentimos o poder letal das criaturas. Apesar do CG irregular — seria ideal usar animais de verdade, mas talvez não fosse possível diante do tipo de ação encenada aqui — dos cães, seus designs marcantes comunicam rapidamente sua presença em tela, e não sugerem boas notícias para os personagens.
Os humanos de Project Silence são onde os problemas começam. Presentes na ponte estão estão Jung-won (Lee Sun-kyun) e sua filha, Kyung-min (Kim Su-an), o mecânico Jobak (Ju Ji-hoon), o casal idoso Byung-hak (Moon Sung-keun) e Soon-ok (Yee Soo-jung), e Dr. Yang, o idealizador do projeto (Kim Hee-won), entre outros. Os arcos pessoais de cada um variam do cansativo e irritante ao passável e previsível, e aqui a principal diferença entre esse filme e sua clara inspiração em Invasão Zumbi se faz clara. Ali, havia um núcleo emocional. Particularmente na trama envolvendo pai e filha no centro de tudo, algo que Project Silence tenta replicar sem sucesso, sentíamos o risco dos zumbis. Aqui, todos são descartáveis.
O descarte vem para alguns, mas Tae-gon não parece disposto a sujar muito as mãos. Em parte pelo CG, em parte pelos cenários escuros e em parte por deficiência de sua direção, os ataques não impactam como deviam, tanto na questão visual (sangue, susto, gore, etc) quanto, especialmente, na história. Algumas mortes são telegrafadas, outras acontecem sem grande destaque. Talvez como fruto de não abraçar inteiramente a natureza ridícula inerente ao gênero de animal freakout, Project Silence se leva a sério demais para pular de cabeça na execução violenta e hilária sugerida por sua premissa.
Semelhantemente, Tae-gon e os roteiristas Kim Yong-hwa e Park Joo-suk tentam aliar a ação a uma parábola de abuso de poder no governo com um drama vazio sobre a responsabilidade de políticos. Isso vem através do relacionamento de Jung-won, um secretário de defesa, com Jung Hyun-baek (Kim Tae-woo), candidato à presidência sul-coreana prestes a ser eleito. Os dois são amigos há décadas, mas Hyun-baek está mais envolvido com o projeto dos cachorros do que seu colega pensa. Eventualmente, fica mais conveniente simplesmente deixar todos na ponte morrer para eliminar todas as testemunhas.
Tudo isso, porém, é desenvolvido de forma óbvia, telegrafando cada reviravolta 20 minutos antes, e baseado numa amizade cujo tempo de filme deve, se muito, durar 5 minutos. Para piorar, esse lado de Project Silence eleva a seriedade da obra como um todo, e consequentemente faz com que Tae-gon se segure demais quando devia soltar de vez os cachorros.
Isso não impede Project Silence de divertir ocasionalmente, mas mantém a comparação com Invasão Zumbi apenas no âmbito da teoria. Na prática, os doguinhos mortais mereciam mais.
2/5
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