Ricky Stanicky deixa John Cena brilhar na comédia besteirol, mas não vai além disso

Ricky Stanicky deixa John Cena brilhar na comédia besteirol, mas não vai além disso

A nova comédia do Prime Video ainda tem Zac Efron no elenco

Bruna Nobrega
8 de março de 2024 - 4 min leitura
Crítica

Depois de passagens por dramas como Green Book: O Guia e Operação Cerveja, Peter Farrelly decidiu voltar ao tipo de filme que o deixou famoso: as comédias besteirol. O cineasta responsável por produções como Debi e Lóide - Dois Idiotas em Apuros e Quem Vai Ficar com Mary? lança agora no Prime Video Ricky Stanicky, estrelado por John Cena e Zac Efron.

Em uma coletiva de imprensa da qual o Chippu participou, Farrelly contou que já tinha a base da história para este filme há quinze anos e que foi aperfeiçoando o roteiro com o tempo, enquanto a produção não era comprada por nenhuma distribuidora. Assistindo ao longa, lançado nesta quinta-feira (7), é possível entender por que ele ficou parado por tantos anos. Ricky Stanicky nunca chega lá.

No filme, acompanhamos três amigos que decidem contratar um ator para se passar pelo amigo imaginário que eles criaram na infância e que levava a culpa por todas as encrencas em que eles se metiam. Já na vida adulta, eles continuam usando Ricky Stanicky como desculpa para fugirem de suas responsabilidades, mas as pessoas ao seu redor começam a desconfiar da mentira. E, claro, é muito mais fácil contratar e treinar um ator do que contar a verdade.

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A grande virada da história é o fato de que esse ator, Rock Hard Rod (John Cena), gosta da vida como Ricky Stanicky e não quer ir embora tão cedo. Toda a confusão cria um cenário propício para diversas situações hilárias, mas só algumas realmente funcionam. O “humor para maiores” prometido pelo filme é o ápice do besteirol que cria momentos relativamente divertidos – mas qualquer diálogo além disso gera apenas meros sorrisos amarelos para a tela.

O pior problema de Ricky Stanicky, no entanto, é tentar ir para um lado mais sério e emocionante. Em vez de apenas assumir seus protagonistas como irresponsáveis (um deles perde o nascimento do próprio filho após usar o amigo imaginário como desculpa para ir a um show), o roteiro de Farrelly quer tentar explicar o motivo pelo qual eles são assim.

No caso de Dean (Zac Efron), a explicação até pode dar um sentido para suas atitudes, mas para JT (Andrew Santino) e Wes (Jermaine Fowler), ela mal toca a superfície. Ou seja, o filme passa uma grande parte de seu tempo tentando justificar algo que, no final, não muda em nada o modo com que nos sentimos em relação aos personagens. A tentativa de Ricky Stanicky de redimi-los é apenas mais um incômodo.

É algo diferente do que acontece, entretanto, com o protagonista de John Cena. Não só o personagem tem uma boa evolução em tela, passando por maus bocados e finalmente encontrando sua vocação – sem prejudicar ninguém no meio do caminho – como o próprio ator é um respiro em meio a tanto caos. Ricky Stanicky é mais uma prova de que John Cena é tão natural nas comédias quanto nos ringues. Pena que não vai muito além disso.

Nota da Crítica
EstrelasEstrelasEstrelasEstrelasEstrelas
Bruna Nobrega

Ricky Stanicky

1h 48min | 2024
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