Slow Horses se firma como uma das melhores séries do ano com segunda temporada no Apple TV+ - Crítica do Chippu

Slow Horses se firma como uma das melhores séries do ano com segunda temporada no Apple TV+ - Crítica do Chippu

Estrelada por Gary Oldman, série de espionagem da Apple TV+ teve duas temporadas no mesmo ano

Guilherme Jacobs
28 de novembro de 2022 - 5 min leitura
Crítica

Nós não merecemos esse tipo de presente. Depois de se apresentar como uma das grandes surpresas do ano com a primeira temporada em abril, Slow Horses está de volta menos de um ano após a estreia. Agora adaptando o livro “Dead Lions” de Mick Herron, a série de espionagem estrelada por Gary Oldman retorna com mais seis horas criativas, divertidas e perfeitamente calculadas de espionagem que firmam, de uma vez por todas, seu lugar entre as melhores do ano.

Menos política e mais pessoal, a segunda temporada da série acompanha os espiões liderados por Jackson Lamb (Oldman) em mais uma missão na Slough House. Agora, o grupo — composto por agentes nem um pouco dignos de comparações com, digamos, James Bond — precisa investigar a morte de um antigo operador, e sua possível conexão com um grupo de ex-membros da KGB infiltrados na Inglaterra. É uma tarefa difícil, talvez impossível considerando o pedigree dos “heróis.” Os Slow Horses variam de problemáticos a incompetentes, e estão onde estão por terem fracassado de maneira horrível em seus trabalhos no passado. Eles não são, de forma alguma, elite.

Justamente através da abordagem de “espionagem, mas de colarinho azul”, Slow Horses encontra uma dinâmica única, diferente das grandes obras de Ian Flemming ou John lé Carre. Ninguém aqui está vestindo gravatas borboletas, ninguém vai compensar a falta de preparação com suas habilidades de luta ou mira perfeita, e ninguém está equipado com tecnologia de ponta. Essa é a Série B. Não há hotéis de luxo ou smoking de marca, mas sim carros velhos, restaurantes empoeirados e equipamentos ultrapassados. Combine isso com os defeitos da equipe — impulsividade, falta de unidade, pouca experiência, etc — e você tem talvez o pior cenário possível para a Inglaterra.

Mas para fins de uma ótima série? A combinação é maravilhosa. Slow Horses continua, em sua segunda temporada, fazendo um trabalho maravilhoso de tratar cada um de seus personagens como pessoas, muito graças a um roteiro cheio de bons diálogos e da escalação de atores excelentes para cada papel, não importa seu tamanho. É impossível não torcer por eles. Mesmo quando rimos de seus erros mais bestas, sentimos uma pontada de tristeza porque, no fundo, queremos vê-los recebendo algum tipo de reconhecimento, mesmo que este não seja totalmente merecido, profissionalmente.

Nessa segunda temporada, o “galã” River Cartwright (Jack Lowden) dá um passo pra trás e alguns coadjuvantes como Louisa (Rosalind Eleazar) e Min (Dustin Demri-Burns) ganham mais charme, mas o showrunner Will Smith encontrou, nos novos episódios, um ótimo equilíbrio entre todos os membros da equipe. Mesmo os menos desenvolvidos ganham minutos no holofote, e são escritos e interpretados com clareza e distinção, sugerindo vidas além do que vemos nas telas e tornando cada interação digna de atenção e carinho.

O mais cativante de todos é o igualmente rabugento e inteligente Lamb, que Oldman novamente ataca como um cachorro desesperado por um osso. Ele mastiga e saboreia cada frase, xingamento e gesto do personagem. Ele é o outro lado da moeda do Smiley vivido pelo ator em O Espião Que Sabia Demais, e só reforça o talento monumental de Oldman. Eleazar é a segunda grande estrela da vez, não só dando conta do material mais emocionante e urgente entregue à Louisa, como evitando cair em possíveis clichês durante todo o período.

Não que haja tais problemas no roteiro de Smith. Slow Horses foge da convenção de histórias de espionagem constantemente, desconstruindo o gênero enquanto faz, simultaneamente, novas adições ao cânone. O enredo de “Dead Lions” é reproduzido com imensa cautela na série, e sua natureza labiríntica é bem comunicada sem nunca deixar a história totalmente incompreensível. Quando há confusão, é intencional. As respostas eventualmente vem, e conforme as peças se encaixam para formar um mosaico de reviravoltas digno das melhores tramas de agentes secretos, fica claro como tudo estava sempre sob controle da talentosíssima equipe criativa.

Ao longo de seis episódios, eles conseguem ser engraçados, inteligentes, imprevisíveis e criativos. Para ter sucesso na missão, os personagens de Slow Horses precisam ser o mesmo. A maior verdade sobre a série, porém, é que mesmo quando eles não, a obra não perde o brilho. Pelo contrário, ela só melhora.

Nota da Crítica
Guilherme Jacobs

0h 0min
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