SXSW | Flamin' Hot, filme sobre inventor de sabor picante do Cheetos, é desprovido de tempero - Crítica do Chippu
Cinebiografia sobre inventor de salgadinhos não desenvolve nenhum de seus aspectos
Crítica
Biografias são muito comuns em festivais, mas o SXSW tinha que colocar algo mais esquisito que uma simples biografia para estrear o seu segundo dia em Austin. A escolha foi Flamin' Hot, a história de vida de Richard Montanez, cidadão que inventou o sabor Flamin' Hot (picante) do Cheetos e se tornou um dos maiores executivos da marca da PepsiCo.
Se por um lado a chamada para o filme é tão atraente quanto mais o petisco em si, não dá pra dizer que a execução de Eva Longoria desvia de todas as convenções de um filme biográfico. A cineasta ainda tenta incluir uma narrativa sobre imigrantes e especificidades do dia dia deles, mas invariavelmente cai na mesmice de replicar estereótipos dentro de uma fórmula super americanizada.
O roteiro está longe de demonizar imigrantes (ou americanos), mas não consegue sair de uma caixinha em que “o sonho americano” ainda é a esperança de todas as pessoas vivas.
O roteiro, escrito por Linda Yvette Chavez e Lewis Colick, mostra uma pequena parte da vida jovem de Montanez e não perde tempo em seguir para a batalha da família pela criação do Flamin Hot. Difícil negar a química de Annie Gonzalez e Jesse Garcia na tela, ambos salvam as cenas mais simples com presença e timing, assim como os coadjuvantes Matt Walsh e Dennis Heysberth, que vivem na fábrica e se tornam os veículos principais para a transformação de Montanez.
Infelizmente, o romance do casal principal não passa nunca da página 1, em que a mulher serve como companheira e um simples apoio para a evolução do homem - até nos créditos Longoria diz que “ela ficou ao seu lado sempre”. Inegável o companheirismo entre os dois, mas fica sempre a sensação que todas as relações do filme são mais superficiais que os temperos malucos de Cheetos.
Todos pensam que são diferentes, mas no fim do dia são só salgadinhos.
1.5/5