Tetris captura diversão e simplicidade do videogame ao contar história de seu lançamento - Crítica do Chippu
Dirigido por Jon S. Baird, filme é comandado pela atuação divertida de Taron Egerton
Crítica
Hoje, Tetris é um dos jogos mais simples que existem. Talvez a primeira experiência de muitos adultos com games — nem tanto de uma nova geração — essa simplicidade só é superada pela popularidade. A história que envolve a criação e distribuição do game, porém, está longe de ser simples ou popular; não à toa demorou tanto para ver a luz do dia. Agora os bloquinhos ganharam um filme com ar de super produção nas mãos da Apple TV+ e da MARV, produtora de Matthew Vaughn.
A estreia no SXSW, segundo o diretor Jon S. Baird, foi perfeita pois o festival reúne inúmeras frentes artísticas. Assim como Tetris, há algo indo além do design e dos gráficos, reunindo reúne matemática, programação e um pouco de vício também. Acontece que a “magia” por trás de Tetris não é o interesse do filme, e sim a complicada trama que os direitos de um game possui, já que ele pode ser distribuído para aparelhos diferentes e em regiões diferentes. Isso faz com que o personagem principal, ovendedor de videogames Henk Rogers (Taron Egerton) se envolva com bilionários americanos, executivos japoneses e até espiões e políticos soviéticos.
Na história, baseado em fatos reais, Rogers descobre a existência de Tetris em 1988 e decide viajar para a União Soviética para conhecer o criador do jogo, Alexey Pajitnov (Nikita Efremov) e adquirir seus direitos para incluí-lo no lançamento do GameBoy, da Nintendo. O problema é que, dentro do regime comunista, o país detém os direitos globais da marca.
Na tela, Egerton mostra mais uma vez o carisma que o coloca entre os atores jovens mais importantes do momento. Bom de comédia e sensível a ponto de convencer como um empreendedor em busca de um sonho, o ator trabalha com o pouco espaço que o personagem tem para criar relacionamentos, já que a direção foca em explicar as maluquices por trás dos acordos. Assim, Baird dá quase um ar de filme de roubo com uma pitada de conspiração política a uma história que não se envergonha de colocar referências gráficas na tela e apostar numa trilha sonora oitentista para inspirar os mais nostálgicos.
Tetris está longe de ser um exemplo de estudo de personagem ou uma detalhada investigação da importância do jogo em questão, contudo, a atuação de Egerton aliada a uma narrativa ágil e que não se perde em referências ou “juridiquês” faz a aventura valer a pena.
Por não se comprometer com relacionamentos ou mesmo explorar o lado emocional de qualquer um dos envolvidos, Tetris joga no seguro, moldando estereótipos soviéticos retrógrados e exigindo alguma boa vontade do público ao incluir dramas familiares mais que superficiais. Se por um lado isso pode incomodar, por outro torna a aventura, em termos narrativos, tão leve e simples quanto o próprio jogo - e convenhamos que é difícil não se divertir com algo assim.
3/5