
The Last of Us conta uma história de amor em meio ao caos em excelente terceiro episódio - Crítica com Spoilers
A vida de Bill e Frank é detalhada em um dos melhores capítulos da primeira temporada

Crítica
Uma das melhores qualidades pouco conhecidas de The Last of Us era cercar a jornada de Joel e Ellie com histórias de outros sobreviventes deixadas em itens que você podia coletar no cenário. Através de um bilhete largado em uma gaveta fechada há 20 anos, ou em um aviso na parede, o jogo mostrava, às vezes com certos graus de sutileza, as dificuldades internas e externas de viver no pós-apocalipse.
Transportar essas histórias dificilmente seria uma prioridade para a adaptação da HBO, mas o terceiro episódio da produção, o melhor até aqui, eleva a qualidade de uma delas a um patamar brilhante.
Este capítulo cobre um dos segmentos do jogo em que Joel e Ellie vão até uma pequena cidade no subúrbio de Boston onde vive Bill, um conhecido do contrabandista que os ajudava a levar vários produtos para a zona de quarentena e, no processo, passou a lhe dever vários favores, agora a serem pagos na forma de um carro em pleno funcionamento — uma raridade no mundo de The Last of Us.
Ao longo da busca por um carro, Bill relembra seu antigo parceiro, Frank, cujo desaparecimento era um motivo de grande tristeza. No fim, descobrimos que Frank havia sido mordido e, para evitar a infecção, decidiu tirar a própria vida. De uma forma enfaticamente implícita, descobrimos que os dois eram um casal.
A série inverte a perspectiva do roteiro. Aqui, vemos diretamente o início, o meio e o fim da história de amor entre Bill e Frank, em vez de enxergá-la pelos olhos de Joel e Ellie, que só dão as caras no local nos últimos minutos do episódio. E, com tanto tempo em tela, Neil Druckmann e Craig Mazin aproveitam para aprimorar de forma drástica a figura de Bill.
Aqui, o personagem interpretado por Nick Offerman é convertido a um adepto do sobrevivencialismo, um movimento que acredita no colapso iminente da sociedade. Sendo assim, quando o cordyceps toma conta do planeta, ele já tem um arsenal, uma central de segurança e quilos de alimentos estocados no porão de casa. Meses depois, ele instala uma cerca nos arredores de sua vizinhança e passa a viver sozinho. Isto é, até um pobre coitado chamado Frank (Murray Bartlett) cair em uma de suas armadilhas.
O que se segue a partir daí é uma grande história de companheirismo e amor, este sentimento que teima em perseverar entre os seres humanos até mesmo na mais adversa das circunstâncias. Assistir ao casal construir uma vida juntos — com participações especiais de Joel (Pedro Pascal) e Tess (Anna Torv) no meio do caminho — é um deleite, em um dos episódios que já larga como favorito ao Emmy de 2023.
Em várias maneiras, o terceiro episódio de The Last of Us não é apenas uma adaptação plena de algo que já estava no jogo e foi modificado para se adequar a uma nova mídia, como aconteceu nos capítulos anteriores da série até aqui. A renovação completa da história de Bill e Frank também parece, de certas formas, Neil Druckmann aproveitando ao máximo esta segunda chance de contar esta história, com um tipo de amadurecimento que só o tempo e a experiência podem trazer.
O resultado é o melhor episódio da série até aqui e um dos melhores da série como um todo.

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