The Last of Us fecha primeira temporada em final brutal e divisivo - Crítica com Spoilers

The Last of Us fecha primeira temporada em final brutal e divisivo - Crítica com Spoilers

Encerramento do primeiro jogo é adaptado com louvor pela HBO

Bruno Silva
12 de março de 2023 - 5 min leitura
Crítica

Não gosto de admitir, mas eu tenho um pouco de inveja de quem tem a oportunidade de conferir a história de The Last of Us pela primeira vez por meio da série da HBO. Escrevo isso justamente ao imaginar, depois de assistir, como deve ser a experiência de ver o último episódio da primeira temporada da série, que adapta sem muitas surpresas o divisivo final do jogo.

Sim, o final também foi polêmico em 2013, quando o jogo saiu. O dilema moral decorrente da decisão de Joel em exterminar os vaga-lumes ao descobrir que Ellie precisará morrer para fornecer a cura à humanidade dividiu opiniões. Você discordaria dele? Julgaria o que ele fez? Ou há um espaço para sentir empatia pelo sofrido contrabandista? As perguntas são inúmeras, e devem suscitar uma série de debates ao longo dos próximos meses — ou, pelo menos até você se render à curiosidade e buscar na internet os desdobramentos no game The Last of Us: Parte II.

Em termos de adaptação, a série faz mudanças pontuais em relação à obra original, mas significativas. A mais importante é a sequência de abertura do episódio, quando vemos o intenso nascimento de Ellie. A cena é cheia de simbolismos: Ashley Johnson, a Ellie dos jogos, interpreta Anna, a mãe da garota na série. Anna, por sua vez, é infectada no momento em que dá à luz, sugerindo que este fato pode estar por trás da imunidade da jovem.

Quando voltamos ao presente, no qual Ellie (Bella Ramsey) parece estar distante e pensativa diante da perspectiva de chegar ao fim da jornada com Joel (Pedro Pascal), que por sua vez se desespera ao contemplar a perspectiva de perder mais uma filha quando Marlene (Merle Dandridge) diz que a garota precisa morrer para que a humanidade tenha a esperança de uma cura.


A adaptação encara um de seus maiores desafios neste momento, que foram cumpridos com eficácia. No jogo, quando Joel decide que vai enfrentar os vaga-lumes para salvar Ellie, o controle passa para as mãos do jogador, o que aumenta o impacto emocional daquele momento independentemente de qual lado da discussão você está, seja sentindo a repulsa de desempenhar atos moralmente questionáveis, seja empatizando com as emoções que o protagonista sente naquele momento.

Essa ambivalência tão singular ao videogame surge com um toque especial de um fundamento para o qual não dei a devida atenção ao longo destas críticas episódicas da primeira temporada: a trilha sonora. O tema principal da produção muda, em um arranjo que substitui o vilão de Gustavo Santaolalla por violoncelos e violas, dando gravidade à matança desenfreada que Joel proporciona no hospital. O fato de diversos guardas se renderem, ou aparecerem desarmados, ao contrário do arsenal que se espera de um desafio final em um game, também agrava os atos do contrabandista.

Esse banho de sangue nos leva ao final em que Joel mente sobre o que aconteceu para Ellie, numa cena ainda mais emblemática na série, fechando com chave de ouro as interpretações de Pedro Pascal e Bella Ramsey na primeira temporada da série.

Mesmo em um capítulo no qual os principais acontecimentos transcorrem com Ellie e Joel separados, é impossível não destacar os momentos em que ambos interagem, mostrando o quão profundos são os laços criados pela dupla em sua jornada através dos Estados Unidos. Infelizmente, um momento emblemático — o encontro da dupla com uma família de girafas nas ruínas de Salt Lake City — perde um pouco de brilho devido ao CGI estranho utilizado para recriar o animal.

Já o desfecho, no qual Ellie confronta Joel sobre tudo o que ele disse a respeito do que aconteceu no hospital e o contrabandista reforça sua mentira, é ainda mais poderoso por conta de tudo o que vemos a dupla passar ao longo da temporada. Este desfecho ainda é, para mim, um dos melhores já feitos na história dos games. Agora, passa a integrar também a galeria de grandes finais da história da televisão.

Nota da Crítica
Bruno Silva

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