The Mandalorian faz competente história de detetive em episódio que adiciona grandes atores a Star Wars - Crítica com Spoilers

The Mandalorian faz competente história de detetive em episódio que adiciona grandes atores a Star Wars - Crítica com Spoilers

Mando e Bo-Katan investigam conspiração de dróides e cruzam o caminho de rostos famosos

Guilherme Jacobs
5 de abril de 2023 - 6 min leitura
Crítica

O texto abaixo contém spoilers de "Armas de Aluguel," sexto episódio da terceira temporada de The Mandalorian. Repitam comigo: MANDOOOO!!

De todos os episódios de The Mandalorian nesta terceira temporada, nenhum teve mais a sensação de ter saído da primeira temporada, onde o foco era numa boa e velha aventura da semana com apenas alguns adicionais de uma narrativa maior, como "Armas de Aluguel." Claro, vários capítulos deste ano tiveram arcos fechados, do Enjeitado resgatado até os piratas espaciais, mas a viagem de Din Djarin (Pedro Pascal) e Bo-Katan (Katee Sackhoff) para Plazir, onde eles buscam reencontrar os mandalorianos exilados que hoje operam como mercenários, oferece um lembrete de como nos apaixonamos por essa série para começo de conversa.

Ainda há conexões maiores. Os mandalorianos agora liderados por Axe Woves (Simon Kassianides) provavelmente são os responsáveis pela fuga de Moff Gideon descoberta semana passada, e ao fim da história damos um passo a mais na direção da reconquista de Mandalore quando Bo-Katan derrota seu antigo seguidor e recebe o Darksaber (numa tecnicalidade que, bizarramente, não havia sido mencionada até aqui), efetivamente retomando seu papel de líder. O verdadeiro tempero, contudo, está nas andanças da dupla de protagonistas antes de encontrarem Axe e sua turma, quando precisam receber a aprovação dos governantes de Plazir e atual empregadores dos mandalorianos, e no processo descobrem uma conspiração.

A diversão começa quando, ao entrarem no hall dos governantes de Plazir, eles descobrem a dupla de realeza (um dos quais é ex-Império) recentemente eleita democraticamente para manterem o cargo que já tinham. Sim, é estranho. Mas mais importante, a Duquesa e o Capitão Bombardier são interpretados, respectivamente, por Lizzo e Jack Black. Juntos, eles criam uma dose instantânea de humor e graça. Black em especial parece estar totalmente ciente do quão ridículo seu personagem é, especialmente dado seu posto político, e mantém esse tom enquanto nos apresenta o problema: os dróides do planeta estão dando problemas.

Isso, por si só, soa mais como uma missão para mecânicos e não mandalorianos. A questão, descobrimos, é que há tantos dróides em Plazir que os humanos não trabalham mais, e a maioria desses robôs foram feitos para guerra e datam até o tempo dos Separatistas (se você estava com saudade dos Droídes de Batalha, boas notícias). Eles foram reprogramados, mas se reverterem para o propósito original, a sociedade de Plazir vai cair rápido. Assim, Mando e Bo-Katan vão de suspeito a suspeito, área em área, e descobrem vários culpados em potencial. Há o Comissário Helgait (simplesmente interpretado por Christopher Lloyd) frustrado pela dependência da população nos robôs, há os Ugnaughts trancados no porão para reparar mais e mais dróides sem ver a luz do dia, e há os próprios dróides, que podem ter cansado de servir seus senhores orgânicos.

Todos têm razões para querer mudar o andar das coisas em Plazir, e infelizmente o episódio não passa muito tempo explorando essas possíveis motivações. Atores como Black e Lloyd, com seu humor sádico e fúria idosa, adicionam mais textura ao roteiro básico de Favreau, a sempre firme direção de Bryce Dallas Howard engrandece o ar de detetive do texto e aproveita bem as chances de explorar para efeito cômico o desgosto preconceituoso de Din com dróides, eventualmente usando isso para nos pegar de surpresa no momento que descobrimos que, na verdade, os robôs querem ficar lá. Se forem levados para outros sistemas da República, eles provavelmente serão desligados permanentemente.

Novamente, seria interessante explorar as questões de servos/senhores com os dróides, algo que tem tudo a ver com Star Wars, mas a combinação de atuação e direção fazem um trabalho eficaz quando a escrita deixa um pouco a desejar. The Mandalorian sempre encontrou boas maneiras de funcionar em sua simplicidade, e esse é o caso aqui. Falando em simplicidade, a solução para o caso, e a descoberta da culpa do Helgait de Lloyd, é tão óbvia que só reforça a incompetência de todos os envolvidos no governo de Plazir.

Uma vez apreendido, Helgait confessa seus crimes e em gratidão, a Duquesa e Bombardier autorizam Mando e Bo-Katan a encontrar Axe e os mandalorianos, e o grupo mais uma vez se submete à herdeira do clã Kryze. Agora, o retorno a Mandalore parece estar mais próximo do que nunca. Será interessante ver como os exilados lidam com o reencontro com os Filhos do Olho, mas isso oferecerá à série, e Bo-Katan, a chance de completar um arco interessante e revelar de uma vez por todas que, se traduzida para o português, essa temporada da série se chamaria A Mandaloriana, não O Mandaloriano.

Nota da Crítica
Guilherme Jacobs

0h 0min
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