A Substância é uma maravilha perturbadora, nojenta e hilária

A Substância é uma maravilha perturbadora, nojenta e hilária

Filme estrelado por Demi Moore e Margareth Qualley é um body horror com texto afiadíssimo

Guilherme Jacobs
20 de maio de 2024 - 9 min leitura
Crítica

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Não é preciso dizer que Elisabeth ignora esse alerta, e as raras cenas nas quais ela cruza com outro usuário sugere que esse problema é universal. Numa de suas melhores decisões,A Substância mantém os responsáveis pela criação dessa técnica envoltos em mistério, representados somente pela voz robótica do outro lado das ligações da protagonista. Acompanhamos unicamente Elisabeth, que depois de provar o gostinho do sucesso pela segunda vez na vida, prefere aparecer como Sue.

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Quando isso acontece, o filme entra numa espiral de body horror onde cada cena parece aceitar, e vencer, o desafio de ser mais perturbadora que a anterior. Aos poucos, como uma doença, os corpos de Elisabeth e Sue começam a mostrar os efeitos colaterais de suas escolhas, e quando a mais nova decide que não vai voltar pro corpo da mais velha, A Substância responde intensificando esse processo até entrar num território de puro terror. Que Fargeat ainda encontre maneiras de arrancar de nós um riso ansioso, mesmo quando nosso desejo é de fechar os olhos e o estômago começa a pedir para ser esvaziado, diz muito sobre seu controle de tom. Algumas piadas vão tão ao extremo que nos deixam pra trás, mas a diretora merece mérito por preparar o terreno para elas. Outras, como a última, acertam diretamente no alvo.

É uma conclusão extensa, mas que leva os temas debatidos por A Substância ao limite, e então quebra essa barreira para nos colocar no território mais maravilhosamente desconfortável possível. Se vivemos obcecados pelo que vemos, então é seguro dizer que esse filme será nosso novo foco.

Nota da Crítica
EstrelasEstrelasEstrelasEstrelasEstrelas
Guilherme Jacobs

A Substância

Terror
2h 20min | 2024
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