
Um Dia: Nova série da Netflix funciona melhor que o filme de 2011 com Anne Hathaway
A nova adaptação da obra de David Nicholls chega nesta quinta-feira (8) à Netflix

Crítica
Escalar Anne Hathaway (e Jim Sturgess também, para ser honesta) em um drama romântico baseado em um livro no começo dos anos 2010 foi uma jogada de mestre. Em 2011, Um Dia arrecadou quase US$ 60 milhões para um orçamento de US$ 15 milhões e deixou muita gente emocionada com a história de Emma Morley e Dexter Mayhew.
A adaptação, no entanto, não transmitia com fidelidade os sentimentos de acompanhar os dois protagonistas um dia de cada vez através de 20 anos. Então, para a nova versão da história, que chega à Netflix na próxima quinta-feira (8), o livro de David Nicholls ganhou um novo formato: série. Agora, cada capítulo do romance –que representa um ano na vida dos protagonistas– é passado perfeitamente para um episódio na tela.
Em Um Dia, acompanhamos Emma (Ambika Mod) e Dexter (Leo Woodall) quando se conhecem pela primeira vez na festa de formatura da faculdade em 1988 e se conectam de maneira tão intensa que passam as próximas 24 horas juntos, apenas conversando e se conhecendo melhor.
A partir daí, começamos a seguir o dia 15 de julho de cada um deles ao longo dos anos: com o que cada um foi trabalhar, com quem eles namoram, como eles estão se sentindo e, claro, o relacionamento dos dois entre si. Isso traz o principal desafio da trama: como resumir tudo o que aconteceu nos últimos 365 dias da vida dos protagonistas em um dia normal da vida deles sem parecer forçado?
A verdade é que a maior parte do trabalho foi feita pelo próprio Nicholls quando escreveu o livro em 2009. A produção da Netflix adapta as páginas de maneira tão fiel que os cenários, figurinos e situações são colocados da mesma forma e os diálogos, em sua maioria, parecem copiados e colados. Isso não é negativo, afinal, o formato funciona.
Mesmo nas situações mais cotidianas, falas são inseridas de forma casual para colocar o espectador em dia com as vivências de Emma e Dexter. Casual porque, mais do que atualizar sobre acontecimentos específicos, a série quer nos conectar com os personagens em sua evolução emocional. Mais do que saber o que especificamente aconteceu, a gente entende como eles se sentem em relação àquilo e, como consequência, conseguimos nos conectar, torcer e sofrer com eles.
Esse é o grande acerto da série criada por Nicole Taylor (Three Girls). Se focasse nas atualizações, Um Dia perderia minutos importantes de seus episódios de meia-hora. Em vez disso, a produção sabe aproveitar bem seu tempo para desenvolver seus personagens.
Nem sempre é suficiente, no entanto. Um Dia cai em sua própria armadilha de mostrar a mesma data e, com isso, gera episódios em que pouca coisa acontece. Não é todo dia 15 de julho que os protagonistas vão se encontrar e acontece, inclusive, de terem episódios em que um deles nem aparece. Nestes casos, mesmo que os capítulos sejam curtos, eles ainda demoram pra passar.
Afinal, Um Dia está em seu auge quando tem Ambika Mod (This Is Going To Hurt) e Leo Woodall (The White Lotus) juntos em cena. Os dois se mostram à vontade um com o outro e tem uma química tão natural que exalam a tensão sexual entre os personagens mesmo que eles não tenham qualquer relação romântica. Os diálogos casuais são quase tão bons quanto às brigas intensas que eles também dividem.
Mesmo individualmente, Woodall tem o jeito de galã descompromissado que combina perfeitamente com o personagem, assim como Amika representa bem o lado inseguro, mas também engraçado de Emma.
Com 14 episódios de meia hora, Um Dia é a série perfeita para quem gosta de um romance dramático com bons personagens. É difícil terminar a maratona sem torcer por Emma e Dexter e sem derrubar algumas lágrimas.

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