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10 Melhores Filmes do Festival de Cannes 2024
Confira os melhores filmes exibidos no festival de cinema
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Notícias
Nos primeiros dias do Festival de Cannes 2024, havia uma tensão no ar, que agora me parece comum no começo de cada edição. Até por escolha dos programadores do evento, os melhores e principais títulos da Competição pela Palma de Ouro são guardados para o miolo das duas semanas de maio nas quais a Croisette fica lotada. Ou seja, a não ser que algo se revele uma surpresa, os momentos iniciais podem ser respondidos com um olhar preocupado.
Foi o caso esse ano, mas diferente das edições anteriores que compareci, demorou mais para Cannes 2024 engatar. Isso é um reflexo de uma seleção que não foi a melhor, ainda que esteja longe de ser ruim. Não faltaram bons filmes, mas faltaram grandes filmes. Especialmente quando comparado a um 2023 que tinha Zona de Interesse, Anatomia de uma Queda, Assassinos da Lua das Flores, Asteroid City e tantos outros, fica a sensação de que o festival não empolgou da mesma forma.
A primeira pulsação de Cannes 2024 veio com Megalopolis. A grande curiosidade foi respondida com um filme que demandava nossa atenção, que arriscava tudo, que era fascinante até por suas imperfeições. Poucos o acharam maravilhoso, mas todos pensaram nele. Eventualmente, a dobradinha de The Substance e Anora, cujas estreias foram próximas, mudou muita coisa. Estes dois filmes injetaram nova vida nos corredores do Palais du Festival, inclusive, especialmente com The Substance, porque não faltou quem desgostasse intensamente.
Estou longe de ser um veterano, mas tenho descoberto que na vida pós-COVID, é comum ter um ano mais ou menos seguido de um grande ano. Minha primeira vinda foi em 2022, e olhando aquela lista novamente, só posso dizer que genuinamente amo, penso e revisito um único filme. Além disso, conversando com colegas e conhecidos, percebi que há um consenso em relação a 2025: será um Cannes imperdível. Spike Lee, Wes Anderson, Kleber Mendonça Filho, Joachim Trier, quem sabe até Paul Thomas Anderson e, novamente, Martin Scorsese. Tarantino só não vem porque desistiu de The Movie Critic.
Talvez não seja a melhor ideia começar nosso Top 10 do Festival de Cannes 2024 falando que este ano não foi incrível, até porque estar em Cannes sempre é incrível de um ponto de vista profissional e pessoal. Então, para encerrar num tom de otimismo, eu vou dizer uma coisa.
Ao sair de diversos filmes que reconheci com bons, mas imperfeitos, fiquei com a impressão de que vi algo que, em alguns anos, seria resgatado como uma obra-prima, uma pérola escondida ou um clássico pouco reconhecido. Foi assim com Megalopolis, com The Shrouds, com Oh, Canada. Todos eles estão na lista abaixo. Ou seja, quem sabe daqui a uns anos voltamos para esta página e tudo que eu falei sobre 2024 ter decepcionado soe profundamente datado? Tomara.
10. The Shrouds
Houve uma redescoberta crítica com Crimes do Futuro, filme de David Cronenberg no Festival de Cannes 2022, meros meses depois do evento. Eu acho que algo parecido vai acontecer com The Shrouds, porque seu novo filme sobre tecnologia, luto e, claro, o corpo humano (mas dessa vez sobre a ausência da carne) é de uma riqueza temática ímpar, e ainda que o roteiro se perca no segundo ato, as ideias discursadas aqui, especialmente dentro da filmografia do canadense, são impressionantes demais para não engajar nossa mente.
9. Bird
O filme de Andrea Arnold foi muito amado por aqui, e por mais que eu não tenha ficado tão apaixonado quanto outros, eu entendo. Bird é o filme mais apaixonante do festival. É ele quem cria a ambientação, personagens e narrativa mais convidativa para nossas emoções. Gostamos de acompanhar as figuras vividas por Nykiya Adams, Barry Keoghan e, especialmente, Franz Rogowski, e Arnold também. Pessoas quebradas que se encontram e, pelo menos por um tempo, se completam.
8. Oh, Canada
Há uma semelhança notável entre o que Paul Schrader fez aqui, e o que seu colega de Nova Hollywood fez no filme seguinte. Oh, Canada tem muitas ideias, e às vezes falta a técnica, ou rigor, na hora de comunicá-las. Mas aqui e ali, essas ideias — de um caráter íntimo e pessoal — clicam com a execução, e Schrader alinha as camadas de seu filme-como-confessionário para falar de quem passou a vida se abrindo apenas no contexto do cinema. Richard Gere é dolorosamente bom no papel principal.
7. Megalopolis
Ainda parece um sonho febril. Da expectativa na entrada até a invasão de câmeras da televisão francesa perguntando nossa opinião na saída, das vaias à quebra da quarta parede mais inesperada que já vi… Megalopolis foi uma experiência completa. O filme em seu centro está longe de ser perfeito, mas é fascinante até em como erra, e a todo tempo sugere uma busca por renovação criativa e espiritual para cidades, para o cinema, e para todos. Francis Ford Coppola é um sonhador que nem sempre iguala suas ambições com a execução. Mas num filme que é justamente sobre a necessidade de ousar, imaginar e tentar, é maravilhoso ver que ele segue fazendo exatamente essas coisas.
Mohammad Rasoulof fugiu da prisão no Irã, onde havia sido condenado a oito anos atrás das grades por denunciar os erros do regime que governa seu país em seus filmes, para apresentar seu novo longa-metragem em Cannes. É apropriado, então, que The Seed of the Sacred Fig seja um olhar ferrenho na corrupção, e corruptibilidade, do sistema que o condenou. Usando uma casa, e uma família, para mostrar a fragmentação violenta que assola esse povo, em especial às mulheres, ele faz um drama de intensidade e profunda coragem.
5. Grand Tour
Eu entrei no filme de Miguel Gomes um minuto atrasado. As luzes já tinham apagado e foi uma aventura achar um lugar. Além disso, minha cabeça estava ocupada por preocupações logísticas. Era preciso voltar pro apartamento, trocar de roupa para ir a uma estreia à noite, havia um compromisso no jantar, e assim vai. Incrementalmente, tudo isso saiu de minha mente. Esta ficou arrebatada com as viagens de Gonçalo Waddington e Crista Alfaiate pela Ásia; ele como um noivo com medo de casar e ela como sua noiva em perseguição. Encantador, divertido, cheio de invenções e, no fim, devastador, Grand Tour cresce a cada dia em minha opinião.
Épico de um jeito diferente. É inútil comparar ao apoteótico Estrada da Fúria, tanto porque esse filme não tenta, em nada, ser igual aquele, quanto porque um de seus grandes feitos é complementar a grandiosidade do filme de 2015. Furiosa tem ótimas cenas de ação, tem toda a riqueza da construção de mundo, e tem duas ótimas atuações centrais em Anya Taylor-Joy e (especialmente) em Chris Hemsworth, mas seu grande sucesso está na construção de uma lenda, de um mito. Do visual saturado às sugestões de fantasia, da divisão em capítulos como ópera até a narração que soa como um conto ensinado de geração em geração, George Miller fez uma fábula de vingança à altura de uma das personagens mais marcantes do cinema no Século 21.
3. It’s Not Me (C'est Pas Moi)
Em determinado ponto de seu média-metragem (ou curta, ou filme, tanto faz como chamar), Leos Carax invoca a imagem de Jean-Luc Godard. É uma ideia cômica, que brinca com cinema, mas também parece uma profecia. Mais do que nunca, Godard parece ter um herdeiro no cinema francês. Carax faz desse projeto, uma mistura de colagens, imagens de arquivo, textos e cenas de seus filmes, um retrato de um homem tão composto pelos ditadores que marcaram a história recente da Europa quanto pelas escolhas que faz na hora de filmar algo. Divertido, profundo e infinitamente criativo.
Eu tenho um estômago muito forte para sangue, coisas nojentas e mutações no cinema. Sempre brinco que devo ter algum problema por começar a rir em determinados suspenses, filmes de terror e coisas do tipo. Dei boas risadas no hit de body horror The Substance, de Coralie Fargeat, mas sua intensidade foi capaz de me fazer sentir o raro incômodo na garganta. Acompanhando uma atriz vivida por Demi Moore que faz uso de uma droga experimental para rejuvenescer, quando passa a ser literalmente incorporada por Margaret Qualley, The Substance é visceralidade pura.
1. Anora
Não só o melhor filme, como a melhor sessão do Festival de Cannes 2024. A eletricidade era palpável desde a entrada do diretor Sean Baker e do elenco, e foi potencializada por um filme que exala energia desde sua abertura. Baker conta a história de uma dançarina erótica que conquista o corpo, e depois o coração, de um herdeiro russo, e então se vê contra toda a família do garoto quando estes tentam anular o casamento. Misturando todo o cuidado de Baker com os personagens com um suspense cômico de ansiedade a lá Joias Brutas, essa versão moderna de Cinderela conta com uma atuação sísmica de Mikey Madison, sua próxima estrela jovem favorita.
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