5 Perguntas Que Vão Definir 2024 para Hollywood
Das incertezas de bilheteria às possibilidades de fusões, entenda os principais assuntos de 2024 no entretenimento
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Se 2023 já foi um ano imprevisível para Hollywood, 2024 parece ainda mais incerto. Depois de 12 meses marcados por demissões em massa, greves duradouras, rumores de aquisição e campeões inesperados de bilheteria (Barbie, Oppenheimer, Super Mario Bros.), estamos entrando num período de poucas garantias. Devido à demora dos estúdios para negociar em prol do fim das paralisações e à crescente sensação de que a bolha do streaming vai estourar, 2024 será um ano de muitas revelações.
Essas revelações vão definir as práticas do mercado hollywoodiano no restante dessa década. Se, por exemplo, tivermos mais uma grande fusão de estúdios, e portanto de seus serviços de streaming, teremos que levar (ainda mais) a sério a consolidação das gigantes de mídia dos EUA nos anos futuros.
Teremos que esperar até dezembro para entender para onde as coisas estão indo, mas até lá, a melhor maneira de entender 2024 é com perguntas. As respostas para elas serão definidoras do estado de Hollywood daqui pra frente.
1. Como será a bilheteria sem grandes franquias?
Eis as franquias que não terão filmes em 2024: Vingadores, Homem-Aranha, Batman, Missão: Impossível, Velozes e Furiosos, Jurassic World, Star Wars e Avatar. Ainda abaixo dos números pré-pandemia, 2023 foi um ótimo ano de bilheteria, com US$ 33.9 bilhões mundialmente, e um resultado encorajador apesar da decepção de diversos títulos, como os da Marvel e DC, muito graças ao sucesso tremendo de Barbie, Oppenheimer e até títulos polêmicos como Som da Liberdade.
Mas olhe o Top 10 global do ano, e você ainda terá títulos familiares: Guardiões da Galáxia Vol. 3, Velozes e Furiosos 10, Homem-Aranha Através do Aranhaverso, Missão: Impossível - Acerto de Contas e Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania estão lá. Ainda houve uma dependência enorme das marcas de blockbuster, mas em 2024, só há três certezas: Deadpool 3, Coringa 2: Folie à Deux e Meu Malvado Favorito 4 (estou confiante em Duna: Parte Dois, mas vamos ver se o bilhão vem).
Claro, há nomes como Planeta dos Macacos, Godzilla e Kong, Um Lugar Silencioso e até um novo O Rei Leão a caminho do cinema, e há uma boa chance de todos esses filmes superarem suas expectativas particulares. Mas nenhuma dessas é um titã (com respeito ao Gojira), e o problema, claro, é que Hollywood tem expectativas nada realistas para si mesma. Um ano bom, como foi 2023, pode facilmente ser interpretado como um fracasso por conta da decepção de lançamentos específicos, ou dos resultados medianos de meses como agosto e setembro, tipicamente um deserto de novas estreias (por escolha dos estúdios). Não parece ter um novo Barbie a caminho, e se algo como Deadpool 3 também cai na fadiga de heróis, teremos alertas estourando por todo lado.
2. Qual será o efeito do ano (quase) sem heróis?
Chamar 2024 de um ano sem heróis é um exagero, afinal temos Deadpool 3 e Coringa 2 como continuações de sucessos de bilheteria e audiências, além de, Deus nos ajude, três filmes da Sony: Madame Teia, Venom 3 e Kraven.
Mas, apesar de fazerem parte da Marvel e DC, esses personagens não são associados à máquina de universos compartilhados (no caso de Deadpool, por enquanto). Esse não será um ano de construção do MCU ou DCU. Isso não é necessariamente ruim, especialmente vindo depois um ano onde todos os filmes dessas casas, com exceção de Guardiões da Galáxia Vol. 3, ficaram abaixo das expectativas. Quem garante que, por exemplo, Capitão América 4 faria grandes números se saísse este ano? O público parece cada vez menos interessado nesses mundos.
Por isso, essa pergunta é menos uma preocupação e mais uma curiosidade. Como será o resultado, não só financeiramente, mas culturalmente? O público vai sentir falta? Se a bilheteria global, sobre a qual pensamos acima, surpreender, podemos entrar de vez na era pós-heróis. A resposta pode só vir em 2025, quando essas marcas voltarem com força total, mas será fascinante ver se o "vazio" de 2024 é positivo ou negativo.
3. Quem passará por uma fusão?
Desde a formação da Warner Bros. Discovery, especula-se que David Zalsav está em busca de uma nova fusão. Aos 45 do segundo tempo de 2023, descobrimos que seu parceiro de crime pode ser a Paramount Global, e se isso for pra frente, teremos uma das mais impactantes fusões da história de Hollywood, seja pela quantidade de franquias ou pelas consequências no streaming e televisão.
Mas não serão apenas as gigantes. Até estúdios menores, mas relevantes, como a Lionsgate (dona de Jogos Vorazes, Crepúsculo e John Wick), também estão se posicionando para buscar esse tipo de movimento, e podem representar algo valioso para uma Amazon da vida.
Então, há a Baleia Branca: Disney. Mas para falar disso, precisamos de mais espaço.
4. Como será o ano de Bob Iger?
Bob Iger teve um 2023 desastroso. Entre as decepções de bilheteria, polêmicas, respostas às greves, demissões, números do Disney+ e pressões de acionistas, o CEO que um dia parecia indestrutível está com a corda no pescoço. Iger vai incrementar a agressividade em 2024, tanto nas decisões criativas, que serão cada vez mais conservadoras (politica e estrategicamente falando) quanto nas decisões de negócios. Essas serão fascinantes de acompanhar.
Se Iger começar a vender partes da Disney, ou realizar fusões estratégicas que deixam áreas da empresa em outras mãos (como já está acontecendo na Índia), será que o mundo onde a Disney pode ser adquirida por uma gigante de tecnologia pode finalmente deixar de ser uma suposição para garantir cliques e passar a ser a conversa do momento em Los Angeles?
Uma coisa é certa: Iger está debaixo dos holofotes, e qualquer impressão positiva deixada por seu tempo no comando da Disney até 2019 foi embora. A questão é o quanto disso ele conseguirá recuperar até o fim do ano?
5. Quais streamings vão sobreviver a 2024?
Para os brasileiros, 2023 terminou com o fim do Lionsgate+ (substituído pelo MGM+, que só existe dentro do Prime Video), e a notícia de que Star+ está nos seus últimos meses de vida. Seu catálogo irá para o Disney+.
Outra grande mudança a caminho no primeiro semestre é a transformação do HBO Max no Max, que efetiva a combinação do catálogo com o Discovery+.
Não vai parar por aí. Em 2023, também vimos especulações sobre uma fusão de Paramount+ e Apple TV+, e tanto isso quanto o lançamento do Max fora dos Estados Unidos trará diversas perguntas (especialmente se a Warner e Paramount realmente forem atrás de uma fusão) para assinantes e para a indústria. A ascensão dos streamings acabou, e a Netflix venceu a guerra que veio depois, continuando como líder indiscutível de tecnologia, número de usuários e presença cultural. Entramos num momento novo. 2024 será o ano das fusões, ou do fim, de streamings.