Um garoto rico da cidade conhece uma garota do interior num bar. Ela firme, personalidade forte e de iniciativa. No dia seguinte, eles se encontram numa festa e ficam juntos. Mais um dia se vai e, no meio de uma briga entre amigos, ele diz que realmente gosta dela e solta-lhe um monólogo sobre “ser a heroína da própria vida”, deixando de lado sua personalidade como um rapaz durão e altivo que apresentou até ali. Daí em diante, qualquer interação entre ambos é medida por uma paixão nunca construída ou elaborada na história. Assim funciona toda e qualquer interação de Finestkind, novo filme de Brian Helgeland, deCoração de Cavaleiro e roteirista de LA Confidencial e Sobre Meninos e Lobos, um arremedo de atitudes sem muito contexto e consequências que se baseiam no óbvio, e não na construção de uma narrativa.

O roteiro, também realizado por Helgeland, fala sobre dois meio-irmãos que se reencontram. O mais novo (Toby Wallace - Os Garotos na Árvore) acabou de ser aceito em uma grande universidade e quer caçar emoção do trabalho braçal antes de entrar nos estudos. O mais velho ainda vive na pacata cidade litorânea como um pescador em busca do legado do pai. Juntos, eles formam uma equipe de pesca que além de trazer os peixes para o mercado, acabam se envolvendo em problemas maiores devido às atitudes inconsequentes do primogênito. No meio disso, os pais de ambos e a namorada do caçula, vivida por Jenna Ortega (Wandinha), costuram o relacionamento deles com ressentimentos, escolhas duvidosas e um companheirismo questionável.

O desinteresse de Finestkind em criar qualquer contexto ou peso dramático real para as relações de sua história passa muito pelos diálogos rasteiros e desdobramentos previsíveis. No entanto, mesmo eles poderiam ser superados com uma direção que não explorasse o melodrama de forma tão burocrática. E isso chama atenção já que não é algo que acontece em outras produções de Sheridan, conhecido por fazer de suas novelas épicas e envolventes discussões de relacionamento. E não precisaria nem ir para a televisão, no cinema, Sheridan escreveu o ótimo Hell or High Water e Helgeland dirigiu o carismático Coração de Cavaleiro. E qualquer um dos dois é uma experiência mais interessante que Finestkind.

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