
Ahsoka: Com começo fantástico, série de Dave Filoni se apresenta como novo centro de Star Wars
Há anos, fãs pedem que Filoni fique à frente da galáxia muito, muito distante. Agora, ele aproveitou sua chance.

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Dave Filoni está esperando há muito tempo. Uma vez escolhido a dedo por George Lucas para ser seu colaborador em The Clone Wars, primeiro com um filme falho e depois com uma série animada que, ao longo de sete temporadas, passou de irregular a obra-prima, Filoni é uma espécie de ídolo para fãs mais dedicados de Star Wars. Seu conhecimento do lore só é superado pela sua criatividade na hora de expandi-lo, agregando conhecimento sobre a Força, os Jedi e Sith. Sua maior criação, porém, é Ahsoka.
Filoni diz que Ahsoka surgiu da ideia de Lucas de dar uma Padawan para Anakin Skywalker. Como um fã protetor do cânone, ele protestou: “Anakin não tem uma Padawan.” Lucas, ciente que enriquecer a mitologia é mais importante do que respeitá-la, respondeu: “Ele tem sim.” Então, Ahsoka Tano surgiu.
Primeiro uma garota impaciente, ela cresceu ao longo de Clone Wars até se tornar a protagonista da animação, retornando depois em Star Wars Rebels como uma lendária usuária da Força. Como sua personagem, Filoni também cresceu. Em The Mandalorian, ele deu os primeiros passos no live-action, e aos poucos trouxe seu legado com ele, revivendo personagens e enredos uma vez exclusivos às animações. Agora, ele finalmente está no holofote.
Criada, escrita e co-dirigida por ele, a série de Ahsoka se anuncia, desde seus clássicos créditos de abertura, como algo além de um derivado de The Mandalorian. Esse não é um cantinho escondido da galáxia para Filoni chamar de seu. Este é o centro de toda a franquia, com uma história tão urgente e grandiosa quanto qualquer um dos filmes da saga. Se os seus seguidores mais dedicados sempre olharam para Filoni como alguém que poderia comandar Star Wars, Ahsoka é a prova de que ele está pronto para deixar o papel de aprendiz. Lucas foi seu Mestre, mas ele não é mais um Padawan.
De várias maneiras, Ahsoka é uma continuação de Rebels, mas mesmo quem a conhece apenas de Mandalorian se sentirá confortável com a trama. Os temas são familiares, o texto é claro e a progressão narrativa é cautelosamente desenvolvida. Filoni não transforma os primeiros dois episódios — enviados aos críticos antes da estreia em 23 de agosto — numa festa de referências e easter eggs (eles estão lá, mas com bom gosto), mas opta por um ritmo mais lento que contribui para a sensação de que, mesmo trazendo vários personagens das animações para o live-action, este é o começo de uma nova história.
Tal história envolve a busca de um ex-Jedi chamado Baylan Skoll (Ray Stevenson, excelente e imponente) e sua aprendiz Shin Hati (Ivanna Sakhno), contratados por uma vilã conhecida para encontrar um mapa misterioso que, por sua vez, revelará o paradeiro do temível Grande Almirante Thrawn (Lars Mikkelsen), talvez o mais perigoso membro do Império sem habilidades da Força.
Ahsoka (Rosario Dawson), seu dróide Huyang (um hilário David Tennant) e sua aliada Hera Syndulla (Mary Elizabeth Winstead) temem que, se Thrawn estiver vivo e retornar, uma nova guerra vai começar. Já Sabine Wren (Natasha Liu Bordizzo), antiga aprendiz de Ahsoka, vê o mapa como uma chance de reencontrar seu caro amigo Ezra Bridger, Jedi que se sacrificou para derrotar Thrawn com um salto aparentemente letal no hiperespaço.
Como você pode ver, Ahsoka não esconde suas conexões com Rebels, mas a presença de novos personagens como Baylan e Shin e a universalidade dos riscos (um novo Império pode surgir, antigas alianças precisam ser restauradas, há alguns McGuffins) ajudam a pautar Ahsoka não só como algo independente, mas também — graças às intrigantes novas facetas de construção de mundo trazidas por Filoni — como o capítulo central de Star Wars no momento. The Mandalorian é muito popular, e Andor continua imbatível. Ahsoka, porém, desafia ambas em termos de escopo e ambição.
Filoni sempre operou bem quando se jogou nas ideias mais cabeçudas de Star Wars. Alguns dos melhores arcos de Clone Wars e Rebels lidam com a criação da Força, seus mistérios e funcionamento. É nas áreas menos exploradas deste universo onde ele encontra mais liberdade criativa para desenvolver os conceitos centrais a Star Wars, sejam eles Luz e Sombras, ou tempo e espaço. Em Ahsoka, ele não mostra timidez em continuar esse legado. Adicione à mistura as composições de Kevin Kiner numa trilha sonora distinta de tudo da marca, e Ahsoka parece investigar e se aventurar no núcleo da galáxia muito, muito distante, e talvez até mais.
De certa forma, isso mostra a elasticidade de Star Wars. Algo como Andor pode (e deve) ser celebrado por ser essencialmente uma história de espionagem e rebelião que usa Star Wars para dar cor e textura aos acontecimentos. Ahsoka, por sua vez, está envolta na mitologia, história e cultura dos Jedi, Sith e até de coisas precedendo estes dois grupos.
Talvez, então, o maior milagre da série seja como Filoni estabelece tudo em questões emocionais compreensíveis e cativantes. Há as frustrações de Ahsoka e Sabine, separadas depois de uma rixa quando estavam treinando juntas. Há a saudade de Sabine por Ezra, um vazio que ela tenta ignorar mesmo sabendo que adoraria preencher, e há a sombra de Anakin Skywalker, antigo mestre de Ahsoka, por cima da protagonista.
Essa questão geracional parece ser o principal interesse de Filoni. A heroína parece ainda assombrada pelas decisões do passado, pelo quão perigoso é virar as costas para alguém. Agora, ela precisa tentar ser para Sabine o que Anakin foi para si mesma, tirando, claro, a fase Darth Vader. Basta olhar para os olhos ansiosos de Sakhno, sempre em busca de aprovação, para ver como isso é espelhado na relação entre Shin e Baylan. O laço entre Ahsoka e Sabine precisa ser reatado para haver alguma chance de vitória.
Dawson é a chave desta equação. Estóica e maternal em sua postura, ela é tão distante no silêncio quanto é calorosa na entonação de sua fala. Ahsoka Tano exala anos de experiência e cicatrizes, mas possui um espírito inabalável que a atriz captura especialmente em sua fisicalidade, uma característica importantíssima quando se está num papel com tanta maquiagem, próteses e cenas de ação. Nas lutas de Sabre de Luz, ela se porta com a graça de alguém que não desperdiça movimentos, uma marca de veteranos em qualquer combate.
E, meus amigos, há muitos combates. Criativos e intensos, os duelos não são raridade em Ahsoka. Filoni fez questão de dizer que os fãs de Star Wars sabem diferenciar os bons entraves daqueles mal executados, e em Ahsoka, o cruzar dos Sabres de Luz é sempre uma oportunidade para apresentar novos golpes, usos do cenário e formas de integrar a Força. Ainda assim, é difícil não sentir o gostinho de que esses primeiros episódios são só o aperitivo.
O que não quer dizer que a série se mova com lentidão. O segundo capítulo acelera o ritmo de súbito, e sua conclusão sugere que Filoni não está interessado em se alongar. Afinal de contas, ele já esperou demais.
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