Olhar a programação da CinemaCon 2024  e deixar escapar o painel da Angel Studios, empresa responsável pelo lançamento do fenômeno de bilheteria Som da Liberdade, seria algo comum para quem olha apenas os grandes e mais tradicionais estúdios de Hollywood. Ao chegar no evento, porém, fica claro que a indústria de cinema americana admite e abraça o potencial dos filmes com temática conservadora e religiosa da marca.

Lista: Próximos filmes da Angel Studios

Com auditório estava completamente lotado, incluindo pessoas em pé devido a falta de lugares para sentar, o estúdio mostrou que não enxerga Som da Liberdade como um milagre, mas sim parte de um plano maior. Não é pra menos, o pequeno estúdio já fez mais de 300 milhões de dólares em quatro anos e pouco, e só com Som da Liberdade foram mais de 1 bilhão de reais ou US$ 250 milhões.

Está claro que existe uma demanda para esse tipo de produto e, como sempre, Hollywood entende como monetizar uma necessidade de consumo. Por isso, os filmes que antes era relegados a atores quase esquecidos pelo público geral, agora são protagonizaria por artistas conhecidos como Letitia Wright, John Lithgow e Greg Kinnear, além de grandes nomes internacionais.

O painel foi focado no calendário de filmes que chegarão em 2024 e além, mas também evidenciou a ambição da Angel em se tornar um grande nome na distribuição doméstica e internacional. Entre as estratégias para tal está a campanha de “doar” um ingresso para alguém, como feito em Som da Liberdade. Nesta ação, após o fim do filme, o protagonista, Jim Caviezel, apareceu em tela e pediu ao público para comprar uma entrada para alguém que ele não conhece, com o intuito de “apresentá-los uma história que o mundo escondeu”, além de clamar por Deus e fé neste pedido.

A aposta segue com lançamentos como o novo projeto de Alejandro Gómez Monteverde, diretor de Som da Liberdade, camado Cabrini (foto acima) e Sight (foto abaixo), agendados para este ano nos Estados Unidos, mas ganhará novas proporções com Davi, primeira animação longa-metragem da Angel. E nas palavras do CMO do estúdio, com a expansão dessa campanha, eles esperam lançar, com o filme sobre o rei bíblico, a “animação de maior sucesso de todos os tempos” em novembro de 2025.

O motivo para tal confiança está não só no sucesso da temática religiosa, mas na replicação dos formatos que consagraram Disney e empresas semelhantes. Davi, que teve um trecho exibido na CinemaCon, tem qualidade visual de uma animação de primeira linha, personagens com traços delicados e amáveis, além de um números musicais que proclamam o amor por Deus e o poder da fé.

É como um belo filme da Dreamworks ou da Illumination, mas com temáticas cristãs. O desenho, que deixou a plateia cheia de sorrisos, parece uma evolução natural do estúdio que se tornou a sensação de Hollywood em 2023 e não deve parar por aí. Afinal, há demanda, há público e, mais do que nunca, há uma crise no cinema mundial que pede por novas audiências. O Angel Studios chega, com sua temática clara e produções originais, para tentar solucionar ao menos um destes problemas.