Assassinos da Lua das Flores: Conheça a história real por trás do filme
O filme de Scorsese com Leonardo DiCaprio e Robert De Niro está em cartaz nos cinemas
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Um dos filmes mais aguardados do ano, Assassinos da Lua das Flores chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (19). O novo trabalho de Martin Scorsese reúne dois de seus grandes parceiros, Robert De Niro e Leonardo DiCaprio, no elenco, além da novata Lily Gladstone, cuja atuação tem sido aclamada desde que o filme estreou no Festival de Cannes deste ano.
O longa é uma saga épica de faroeste narrada através do romance improvável entre Ernest Burkhart (Dicaprio) e Mollie Kyle (Gladstone). Nele, acompanhamos o mistério de como membros da nação Osage começaram a ser alvos de uma série de crimes brutais que nunca eram resolvidos pela polícia.
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Mas, afinal, o que é, ou não é, real no filme? O Chippu traz todos os detalhes!
Assassinos da Lua das Flores é baseado em uma história real?
Sim. O filme é uma adaptação cinematográfica do livro-reportagem Assassinos da Lua das Flores: Petróleo, morte e a origem do FBI, escrito pelo jornalista norte-americano David Grann e lançado em 2017.
O livro é um trabalho de investigação de três anos feito por Grann sobre como a tribo nativa Osage se tornou alvo de uma série de crimes brutais, cometidos por intrusos brancos, após enriquecerem por meio da descoberta de petróleo em seu território, na Oklahoma dos anos 1920.
[Atenção: a partir daqui, o texto contém spoilers do filme Assassinos da Lua das Flores]
O que realmente aconteceu na Oklahoma dos anos 1920?
Assim como o filme, o livro foca em Mollie Burkhart, uma mulher Osage, cujas três irmãs e mãe faleceram sob circunstâncias misteriosas. Foi o assassinato de uma das irmãs dela, Anna Brown, que deu início ao que a tribo chamou de "Reino do Terror". Sua irmã Minnie e sua mãe, Lizzie, morreram de uma doença que as debilitava, mas a morte da última irmã foi a mais traumatizante: Rita Smith faleceu junto com o marido, Bill, e a empregada, Nettie Brookshire, em uma explosão na casa deles.
Todos os nomes e causas da morte são reproduzidos fielmente no longa de Scorsese, incluindo os culpados. O marido de Mollie, Ernest Burkhart, o irmão dele, Bryan, e o tio, William Hale (De Niro), foram implicados através de mandantes para herdarem a fortuna da família.
O modo com que os crimes foram solucionados também é abordado no longa. Inicialmente, as investigações eram atrapalhadas pela corrupção local. Até quando Mollie contratou um detetive particular após a morte de Anna, nada foi encontrado.
Foi só em 1925 que J. Edgar Hoover, o chefe de uma nova agência do governo chamada na época de Departamento de Investigação (que mais tarde se tornaria o FBI), decidiu colocar um de seus agentes no caso.
Tom White (vivido por Jesse Plemons no filme) foi enviado a Oklahoma, onde montou seu time, que incluía um investigador conhecido da tribo Osage, vários homens disfarçados e um nativo que também mantinha suas reais intenções em segredo. Foi apenas assim, depois de muitos meses, que os crimes de William Hale foram expostos.
Em 4 de janeiro de 1926, Hale e Ernest foram presos. Assim como vemos no filme, o homem vivido por DiCaprio mudou seu testemunho sobre o tio algumas vezes, mas, no final, acabou denunciando suas atitudes. William Hale passou 18 anos na prisão. Ernest foi liberado depois de 11 anos, em 1937, mas voltou após roubar um banco.
Mollie se divorciou dele durante o julgamento (após descobrir que ele provavelmente a estava envenenando através da insulina para sua diabetes) e se casou novamente em 1928. Ela morreu em 1937, aos 50 anos. Ernest passou seus últimos anos de vida morando em um trailer com o irmão.
Durante seu período de investigação para o livro, David Grann se encontrou com vários membros na nação Osage, incluindo a neta de Ernest e Mollie, Margie Burkhart. Enquanto ele estava lá, entrevistas e arquivos revelaram mais mortes misteriosas que nunca foram investigadas.
Ao final, o jornalista concluiu que os assassinatos era uma "operação criminal vasta que estava arrancando milhões e milhões de dólares" através de fraudes de seguro e peculato, com pessoas brancas matando suas esposas e/ou maridos pelo dinheiro. William Hale e Ernest Burkhart levaram a culpa, mas cada elemento da sociedade estava envolvido, assim como os médicos mostrados no filme que escaparam sem nenhuma punição.
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Quais mudanças da história real Scorsese trouxe para o filme?
Após introduzir os personagens, o livro de David Grann foca na investigação dos assassinatos e, principalmente, na formação do FBI. Tanto é que os culpados são revelados apenas no final da obra, como um mistério, diferente do que acontece no filme em que sabemos o que está acontecendo logo de cara.
Inicialmente, a ideia de Scorsese era manter a mesma estrutura do romance, tanto é que Leonardo DiCaprio estava cotado para interpretar o investigador Tom White. No entanto, após passar mais tempo com historiadores Osage e os líderes da tribo fazendo pesquisas, o diretor decidiu reescrever todo o roteiro, mudando o foco da história para as experiências Osage.
“Depois de um certo ponto, eu percebi que estava fazendo um filme sobre homens brancos. Eu estava trazendo uma abordagem de fora, o que me preocupou”, explicou Scorsese em entrevista a TIME.
Dessa forma, DiCaprio acabou se tornando Ernest Burkhart e Lily Gladstone recebeu uma atenção muito maior do que teria inicialmente. Enquanto isso, Tom White se tornou um papel coadjuvante, agora vivido por Jesse Plemons.
Com as mudanças, o investigador que resolve os crimes não aparece como um “salvador da pátria” e, sim, como uma pessoa que foi convocada após muita insistência –e muito dinheiro– dos Osage.