Avatar da Netflix começa mais sério e menos carismático que o original
Dois primeiros episódios da série que adapta o desenho da Nickelodeon têm início irregular
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A onda de adaptações da Netflix continua a todo vapor, agora com a chegada da série de Avatar: O Último Mestre do Ar. Baseado na clássica animação da Nickelodeon, a produção conta com os milhões e o formato episódico do streaming para renovar as esperanças dos fãs após a fracassada tentativa de M. Night Shyamalan em 2010. O Chippu teve acesso aos dois primeiros episódios e podemos atestar que a Netflix segue no caminho de evolução de suas adaptações, ainda que tenha percalços no meio deste processo.
Pelo dois primeiros episódios, a série, que foi roteirizada por boa parte da equipe original, deixa claro que terá um tom menos infantil e menos cômico do que a animação. Enquanto o desenho permeia seus temas com a jocosa interação entre os personagens, algo que a garante coração e um estilo peculiar de humor, o seriado condensa este elemento na dramaticidade vinda com o dever de Aang, o garoto que dá nome à franquia. Ele é o último de uma tribo que tem poderes para controlar o ar e ainda calha de ser o tão esperado Avatar, o ser que trará equilíbrio ao mundo e o único capaz de controlar os quatro elementos, fogo, água, ar e terra.
A direção de Michael Goi escorrega na montagem, que acelera sem muito contexto a conexão entre o trio protagonista, mas é bem eficiente nas cenas de ação, mesmo quando essas não contém os melhores efeitos visuais possíveis. Quando a dobra dos elementos entra em questão, quase tudo funciona, porém, quando é necessário extrapolar isso e mostrar a grandeza dos cenários, a produção a desejar. É justo dizer, por outro lado, que o saldo de todo o escopo e caracterização é muito positivo, dando um ar realista e fiel ao desenho ao mesmo tempo, sem ter um ar de cosplay como outras adaptações.
O elenco é outra parte de Avatar que tem seus altos e baixos, muito devido às escolhas que tiram o tempo de interação entre Sokka, Katara e Aang, principalmente. Enquanto tenta passar um ar de seriedade pelo tom das lutas ou do design mais sóbrio, a série espalha piadas e conexões repentinas entre o trio. Apesar de não decepcionar no papel, os três seguem esta toada desequilibrada entre a comédia e a seriedade - algo que no desenho é não só perfeitamente executado como também uma característica crucial da obra. Por outro lado, os vilões, especialmente Zukko, vivido por um ótimo Dallas Liu, alcançam este ponto de equilíbrio, no caso dele, localizado entre a fragilidade e ganância de um vilão à procura de aprovação.
Entre excelentes cenas de ação e um roteiro que procura seu próprio tom, o início de Avatar é menos encantador do que a obra original, mas está longe de ser uma decepção. A construção do mundo é satisfatória, a apresentação da mitologia também, apesar dos escorregões em atuações, montagem e condução da evolução da história. Em 22 de fevereiro, quando estrear na Netflix, o Chippu publicará a crítica completa.