Cavaleiro da Lua: Deuses e Monstros - Crítica do Chippu

Cavaleiro da Lua: Deuses e Monstros - Crítica do Chippu

Finale desequilibrado reforça o pior e melhor da série

Guilherme Jacobs
4 de maio de 2022 - 7 min leitura
Notícias

O texto abaixo contém spoilers para "Deuses e Monstros", último episódio de Cavaleiro da Lua


Com o que você se importou em Cavaleiro da Lua? A série da Marvel no Disney+, que chegou ao fim após seis episódios, foi um animal interessante. Em lados opostos, quase contrastando um ao outro, estavam o lado focado em personagens, saúde mental e conflitos internos, e o lado de mitologia, consequências apocalípticas e poderes sobrenaturais. Apesar de ser uma produção da principal casa de super heróis no entretenimento atual, uma que tende a exceder no segundo quesito destes dois, o sucesso, aqui, veio por razões diferentes.


Por isso, apesar de ser uma conclusão, o episódio final de Cavaleiro da Lua, "Deuses e Monstros", mais pareceu um epílogo para toda a série. Pelo menos a maior parte dele.


Iniciamos com Layla (May Calamawy) tentando assassinar Harrow (Ethan Hawke, que faz um ótimo trabalho misturando emoções de temor e adoração ao encarar sua deusa) sozinha, enquanto o vilão finalmente consegue libertar Ammit (Sofia Danu) e mata - com profunda facilidade - os avatares dos outros deuses egípcios. Todas essas sequências reforçam o quão ruim - Tuéris (Antonia Salib) à parte - foi o trabalho de Cavaleiro da Lua em estabelecer o lado mitológico do enredo, com as outras divindades parecendo no mínimo irrelevantes e até mesmo incompetentes. O que, exatamente, eles fazem? Nunca saberemos, mas suspeito que ninguém vai se importar. A cena na câmara destes seres, porém, serve para usar Layla como voz de toda a audiência quando ela detona completamente Khonshu (F. Murray Abraham) e mostra o quão patética sua admiração por si mesmo e sua missão é.


Depois, voltamos para o além, onde Marc (Oscar Isaac) se recusa a deixar Steven (Isaac, também) para trás. O paraíso não será o mesmo sem sua melhor metade. Ele, então, volta para o Duat e num momento bem "o poder da amizade", ambas personalidades são salvas e retornam à vida, agora completamente em sincronia, capazes de trocar o controle do corpo quando quiserem e convivendo, pelo visto, em paz. Aí, neste momento, se encerrou o arco mais cativante e interessante de Cavaleiro da Lua. A melhor parte desta série, desde o começo, foi ver o drama interno do protagonista, interpretado com grande qualidade por Isaac, e dramatizado com melhor efeito no episódio anterior com o hospício. Primeiro Steven e, depois, Marc. Esta foi a área de maior sucesso da história desenvolvida por Jeremy Slater.


Então, ver os dois se reunindo e encontrando equilíbrio foi satisfatório. O retorno rápido de Steven após sua aparente morte tira um pouco do impacto do final do quinto episódio, mas ele é um personagem tão divertido e trágico, que eu não me importo muito. É bom tê-lo de volta para mais uma hora de televisão. Simultaneamente, o restante deste finale, mais focado nas grandes cenas de ação e efeitos especiais explosivos, foi muito menos eficaz. Ver o Cavaleiro da Lua de volta à ação, Layla ganhando poderes ao virar o avatar de Tuéris, e Khonshu e Ammit lutando entre as pirâmides pode ter toda a aparência de Marvel, mas nunca houve um pingo do drama, tensão e qualidade da luta interna de Steven e Marc contra sua própria mente. Nunca duvidamos da vitória dos heróis sobre Harrow e Ammit.


É preciso reconhecer que as cenas de ação finais foram mais bem executadas do que as dos primeiros episódios, mas o uso de tanta CG tira parte do peso dos embates e deixa tudo artificial demais, exceto nos raros momentos onde o Cavaleiro da Lua (particularmente como Sr. Knight) está realmente em combate corpo-a-corpo, quando os socos e chutes não parecem ter vindo de um computador e sim de um punho ou perna. O Cavaleiro da Lua é, nos quadrinhos, apelidado de "Batman da Marvel" de forma recorrente, e uma das razões é sua capacidade de resolver a situação, literalmente, com as próprias mãos. Por isso, os breves vislumbres de cenas de ação mais pé-no-chão são tão superiores aos raios lasers e golpes iluminados.


O melhor momento do clímax, porém, vem quando Marc e Steven apagam e acordam com toda a gangue de Harrow, e o próprio inimigo, derrotas e ensanguentados. A cena confirma a existência de uma terceira personalidade (mais sobre ela já já), a que estava presa no sarcófago do hospício, e deixa claro o quão violenta ela é. Harrow, por exemplo, está à beira da morte quando Marc volta à consciência. No pós-créditos, Khonshu apresenta o terceiro homem dentro deste corpo: Jake Lockley. Falando o bom espanhol de Isaac, ele é o favorito da divindade, que o uso para assassinar Harrow e garantir o fim da ameaça de Ammit.


Mais uma vez, fica o gostinho de quero mais para as questões psicológicas tratadas por Cavaleiro da Lua com, eu diria, uma boa quantidade de sucesso e cuidado. Em grande parte pela fenomenal atuação de Isaac, que neste finale praticamente se exibe trocando de personalidade de fala em fala como se estivesse apenas piscando, Steven e Marc foram o grande golaço destes seis episódios. É uma pena Jake ter sido guardado para a surpresa final e não utilizado como um terceiro fator na briga pela mente de Marc Spector. Na verdade, é uma pena Cavaleiro da Lua não ter focado ainda mais nisso tudo. Quando o fez, a série foi tão boa quanto qualquer coisa da Marvel, mas quando isso foi deixado de lado pela ação, pelos deuses e pela missão de salvar o mundo, ela pareceu mais um produto genérico do estúdio.

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