Continental é John Wick sem John Wick, para o bem e para o mal, na sua primeira parte - Crítica com Spoilers

Continental é John Wick sem John Wick, para o bem e para o mal, na sua primeira parte - Crítica com Spoilers

Com pegada retrô, série do Prime Video mantém o mesmo nível das cenas de ação dos filmes

Bruno Silva
22 de setembro de 2023 - 4 min leitura
Notícias

Este texto contém spoilers do primeiro episódio de O Continental: do Mundo de John Wick.

Como manter um universo ativo no auge de sua popularidade sem a sua principal estrela? Essa é a principal pergunta que O Continental: do Mundo de John WIck vem responder, já que Keanu Reeves não aguenta mais depois de quatro filmes. Felizmente, a solução para o problema é das mais satisfatórias: mesmo sem o astro, a série reproduz a porradaria e a ação que tornou os filmes famosos.

Pelo menos essa é a impressão deixada pela primeira parte da produção, que chega ao Prime Video nesta sexta-feira (22). Chamo de “parte” não apenas por ser a nomenclatura utilizada pelo próprio serviço de streaming, mas pela duração deste pontapé inicial de Continental, que, com seus 90min de duração, passa longe de ser um mero episódio.

Até porque Continental tem muito a contar. Temos o retorno de personagens conhecidos em versões mais jovens, mas também temos muita gente nova chegando nesta versão dos anos 1970 do hotel mais famoso deste mundo de assassinos, que aqui é governado por Cormac (Mel Gibson). Tudo começa a desabar quando seu protegido mais próximo, Frankie (Ben Robson), rouba um objeto valiosíssimo do cofre do hotel em plena noite de Ano Novo.

Para lidar com o problema, Cormac escala para caçar Frankie ninguém menos do que seu irmão mais novo, Winston. Sim, aquele Winston, o personagem de Ian McShane que, em sua versão mais jovem, é vivido por Colin Woodell. A aposta aqui é no passado conturbado de ambos, já que sua relação não é das melhores devido a um passado de crime e violência.

Já nas primeiras cenas, Continental mostra a que veio. Para sair vivo do hotel com a prensa de moedas antigas — basicamente o que movimenta a economia do mundo do crime em John Wick —, Frankie atropela todos a sua frente com a mesma combinação de socos, chutes, tiros e arremesso de armas de fogo desmunidas que caracterizou a quadrilogia protagonizada por Reeves.

(E, até este ponto da série estamos no campo das teorias, mas nada me tira da cabeça que Frankie é o pai de John Wick. É só observar as semelhanças.)

Se a coreografia parece familiar, a ambientação traz uma mudança bem-vinda, com a Nova York suja dos anos 1970 trazendo um contraste interessante com o ambiente elegante da rede de hotéis que inspira a série.

Apesar de Frankie ser o centro da ação neste primeiro episódio, o protagonista real é seu irmão, puxado subitamente de sua vida de armações em Londres para lidar de maneira inesperada com o passado. No caminho, ele reencontra amigos conhecidos pelo público, como Charon (com Ayomide Adegun assumindo o papel do saudoso Lance Reddick) e Charlie (interpretado por Peter Greene na versão jovem).

Para completar, mais dois núcleos prometem complicar a trama, com os irmãos vendedores de armas Miles (Hubert Point-Du Jour) e Lou (Jessica Allain) tentando escapar da vida de crime e a policial KD (Mishel Prada) se aproximando perigosamente da teia de assassinos que leva ao Continental.

Mesmo assim, o episódio trabalha com folga todos esses momentos e, possivelmente, poderia ser cortado em duas partes, já que o ritmo fica arrastado na parte final, ainda que a cena de ação derradeira compense.

A parte um também deixa uma dúvida instigante no ar, já que o protagonista não luta tanto, mas deve assumir mais este papel no decorrer da série devido a tragédia que fecha esta hora e meia inicial de Continental. Um bom começo para o nascente universo expandido de John Wick.

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