Deadpool & Wolverine dobra a aposta e faz fanservice sem vergonha

Deadpool & Wolverine dobra a aposta e faz fanservice sem vergonha

Ryan Reynolds replica fórmula dos filmes anteriores, agora com toda a Marvel (e sua crise) como objeto de piada

Thiago Romariz
23 de julho de 2024 - 5 min leitura
Notícias

Não dá pra acusar Deadpool & Wolverine de falta de compromisso. Se tem alguém em Hollywood que é dedicado a um personagem, é Ryan Reynolds. Da concepção do primeiro filme, quando o ator vendeu o projeto com um vídeo feito por ele mesmo, até a campanha massiva desta sequência, Reynolds é a personificação de uma franquia.

Se nos filmes anteriores isso já era perceptível, agora, no terceiro capítulo da história de Wade Wilson, o Mercenário Tagarela da Marvel, este sentimento é elevado à máxima potência, afinal, Deadpool & Wolverine parece ser tudo que Reynolds sempre quis fazer com o personagem. Sem amarras, para o bem e para o mal, o longa dobra aposta na violência cartunesca e humor juvenil estabelecidos pelos quadrinhos e faz piadas ininterruptas sobre a crise do Universo Cinematográfico da Marvel.

Já na primeira meia hora de filme nota-se que o marketing não mentiu quando falou que "a Disney autorizou" fazer tudo que quisesse. Deadpool & Wolverine em nada se parece, seja nas imagens ou nas falas, com os outros longas da Marvel. É, sim, um projeto digno da classificação mais alta, ainda que use toda a liberdade que os grafismos de CGI permitem, dando a sensação de que o sangue exibido é tão verdadeiro quanto a frase “Deadpool é um filme adulto”. Por outro lado, a necessidade de trazer elementos dramáticos para uma aventura que não carecia tanto de tal conexão, D&W repete os problemas do segundo filme, que tentava vender a ideia da família Deadpool, mas que funcionava mesmo como um compilado de esquetes do herói fazendo graça dos atributos de cada componente do grupo.

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A estrutura do roteiro, feito por Reynolds, pelo diretor Shawn Levy e Rhett Reese, é quase idêntica à Deadpool 2, quase literalmente: os flashbacks, a abertura, a dinâmica entre personagens, a trilha sonora e até os desdobramentos do terceiro ato. Ainda que não seja um problema por si, essa característica evidencia bastante a dificuldade do filme em manter o ritmo da narrativa, que por vezes se alonga demais nas explicações sobre o multiverso e não raramente esquece o drama de Wilson para focar no que é o grande pilar do filme: o legado da velha 20th Century Fox — estúdio que fez os filmes de X-Men, Quarteto Fantástico e alguns outros como Blade e Elektra, antes de ser adquirido pela Disney, dona do Marvel Studios — no atual Universo da Marvel, assim como na memória dos fãs

Neste sentido, não existe ninguém melhor do que Hugh Jackman para incorporar tantas histórias dentro de um personagem só. Jackman está, como esperado, perfeito no papel. Se nos filmes de X-Men ele passou por fases diversas como Wolverine e, em Logan, finalmente cravou a seriedade que o personagem sentia falta, aqui ele busca o equilíbrio dentro do mar incessante de piadas de Ryan Reynolds — e consegue.

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Este Wolverine está longe de ser um personagem sério, mas também não se entrega à galhofa que é Deadpool, construindo a química que o filme precisa para funcionar, e talvez até para salvá-lo de ficar enfadonho, como algumas vezes aconteceu com o filme anterior, quando o Cable de Josh Brolin não conseguiu cumprir tal missão. Se a cada (longa e desnecessária) exposição sobre as regras do multiverso, Deadpool perde sua cadência, Wolverine está lá para segurar o espectador pela mão e lembrar que há mais do que piadas internas naquele mundo.

Deadpool & Wolverine, assim como seu idealizador (e Levy), não tem pudor nenhum de ser um filme pipoca de heróis em esteróides, construído como um amontoado de anedotas de Reynolds sobre Hollywood com trilha pop de 20 anos atrás. Se falta conexão emocional real dentro da história, que peca por não criar a ameaça necessária para o fã se importar com o destino de quem quer que esteja, ele ao menos injeta ânimo em um gênero que tenta se achar depois de tantos anos de sucesso — nem que seja na base da adrenalina, som alto e fanservice sem vergonha.

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