Duna: Parte 2 | 5 principais diferenças entre livro e filme
Saiba como a adaptação de Denis Villeneuve difere do épico de Frank Herbert
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No geral, ambas partes de Duna são adaptações muito fiéis ao livro de Frank Herbert. Dividindo o épico de sci-fi em dois filmes, o diretor Denis Villeneuve e os roteiristas Eric Roth (no primeiro longa) e Jon Spaiths (no segundo) tiveram tempo de incluir praticamente todo detalhe, cena e personagem da obra, mas há algumas mudanças, particularmente em Duna: Parte 2.
São alterações que definitivamente não fogem do espírito do texto de Herbert, e a estrutura e temática da história nunca são afetadas. A maioria delas parece procurar facilitar o desenhar de alguns arcos de personagens, e também limitar um pouco o tamanho do elenco, que nem por isso deixa de ser vasto.
Aqui, vamos explicar o que mudou, e por que as mudanças foram feitas. Há SPOILERS de Duna: Parte 2 depois do trailer abaixo.
1. Alia não nasce
Como foi revelado no primeiro filme, Lady Jessica (Rebecca Ferguson) está gravida. O feto (!) é visto algumas vezes na continuação, e passa conseguir se comunicar com a mãe quando ela ingere a Água da Vida, porque a substância também transforma ela numa Reverenda Madre. Alia, porém, nunca nasce. Isso acontece porque o filme não tem um pulo de cinco anos como no livro, então não passa tempo suficiente para o parto.
Vemos Alia numa visão do futuro, onde ela é interpretada por Anya Taylor-Joy, e se Villeneuve realmente fizer um terceiro filme de Duna, ela será parte importante da história.
A escolha de não ter Alia no filme sugere que Villeneuve e seus roteiristas não quiseram adicionar mais uma personagem ao longa, especialmente uma que é uma parte importantíssima do livro e precisaria de muito tempo de tela. Alia tem um papel chave na conversão dos Fremen fundamentalistas à crença de que Paul (Timothée Chalamet) é o Mahdi. Essa função fica na conta da própria Jessica.
2. Paul e Chani não têm um filho
Outra coisa que acontece por conta do salto temporal, e também ausente no filme, é a gravidez de Chani (Zendaya). No livro, ela e Paul têm um filho que se chama Leto Atreides II, em homenagem ao falecido duque. A criança é morta pelos Sardaukar ainda nos primeiros anos de vida, durante um ataque ao Sietch. Esse elemento da história está ausente da adaptação, em parte por uma questão técnica (não avançamos cinco anos) e em parte porque o relacionamento de Paul não está solidificado como no livro. Eles ainda estão se conhecendo.
3. Thufir Hawat não retorna
Você pode ter esquecido, mas Thufir Hawat, o Mentat dos Atreides que no primeiro filme foi interpretado por Stephen McKinley Henderson, sobreviveu os ataques dos Harkonnen. Diferente de Gurney Halleck (Josh Brolin), ele não retorna para a sequência. No livro, Thufir passa a servir os Harkonnen, de forma relutante e para garantir sua sobrevivência. Seu corte provavelmente veio porque, mais uma vez, já há tantos personagens.
4. Paul é quem mata o Barão Harkonnen
Provavelmente para criar um arco com um claro começo e fim, no qual Paul executa o Barão Harkonnen (Stellan Skarsgard) para se vingar pela morte de seu pai, é o protagonista que se responsabiliza pela morte do vilão. No livro, isso é feito por Alia, que por conta do feito passa a ser chamada de Santa Alia da Faca. Como já falamos, Alia não nasce, então, nada de Faca pra ela.
5. Não há conforto para Chani no final
Nos livros, Chani tem um papel importante, mas sua presença no filme é expandida (em grande parte por Zendaya) e ela não é posicionada como uma crente em Paul logo de cara. Na verdade, podemos até dizer que ela nunca passa a acreditar nele. Isso gera uma relação adversa entre ela e Jessica, e por isso, não há conforto algum para Chani na conclusão.
No livro, a conclusão da história é parecida. Paul vence os Harkonnen, força a mão do Imperador e propõe o casamento para Irulan (Florence Pugh). Ali, porém, há uma diferença. Ele vira para Chani e promete que isso é apenas uma manobra política. Ela será sua verdadeira esposa, ainda que não tenha esse título oficialmente. Irulan jamais conhecerá sua intimidade e seu amor.
Chani não acredita nisso de cara, e Jessica, uma mulher que nunca casou oficialmente com o Duque Leto (Oscar Isaac) e portanto também é uma concubina, a conforta com esse discurso: "Pense nisto, Chani: aquela princesa terá um nome, e no entanto receberá menos que uma concubina, nunca conhecerá um momento de carinho do homem ao qual está ligada. Enquanto nós, Chani, nós que carregamos o título de concubina... a história nos chamará de esposas."
Spoilers de Duna 3: O que acontece com Paul e Chani em Messias de Duna?
Villeneuve nos nega o conforto oferecido por Herbert. Duna: Parte 2 posiciona Chani e Jessica como forças adversárias, a primeira puxando Paul para a simplicidade da vida no deserto e a segunda movendo as peças para colocá-lo no topo do Imperium, e por isso não há saída para a personagem de Zendaya quando Paul faz sua manobra política para assumir o título de Imperador. Seria, então, impossível ouvir essas palavras vindas da boca da Reverenda Madre.
Essa mudança, além de deixar o final mais doloroso (no livro, há uma tristeza palpável, mas ficamos mais na ambiguidade que só é resolvida em Messias de Duna), ajuda a audiência a entender que a ascensão de Paul não é necessariamente uma coisa boa. Sim, ele venceu os inimigos, mas bilhões morrerão em seu nome na Guerra Santa. Chani, com o olhar irado de quem foi ferida, já reconhece isso.