
Duna pode salvar o Oscar, mas a Academia precisa reconhecê-lo
Longa de Denis Villeneuve une aprovação da crítica, indústria e público. Ele merece indicações.

Notícias
Não parece, mas estamos na chamada "temporada do Oscar." Os festivais de Toronto, Veneza e Telluride, normalmente responsáveis por apontar prováveis indicados ao prêmio, já aconteceram e os favoritos estão claros. Mas apesar de filmes de grande apelo e elogios como King Richard: Criando Campeãs e The Power of the Dog, ou de super estrelas do cinema como Will Smith e Kristen Stewart estarem firmes e fortes na briga pela estatueta, a sensação é de que ninguém anda pensando no evento. Mas, como acontece regularmente, há um filme capaz de mudar (pelo menos um pouco) essa história: Duna.
Ficou claro ontem, com a celebração praticamente unânime das pessoas envolvidas no mundo do cinema ao saber da confirmação oficial de Duna: Parte Dois. Este filme, apesar de não ter recebido aprovação total de reviews e público, tem força o suficiente para unir todos os interesses da Academia. Vez por outra, aparece um título com ótimas avaliações da crítica, celebrado por outros cineastas e atores e com forte presença na cultura pop. O tipo de filme que faria pessoas assistirem ao Oscar em caráter de torcida. Duna é um deles.
Talvez o melhor exemplo destes seja O Cavaleiro das Trevas, em 2008. Quando a obra de Christopher Nolan não recebeu sua esperada indicação no Oscar do ano seguinte, a frustração foi geral. O sentimento era de birra, de insistência da Academia em não reconhecer filmes de heróis ou de gênero. No ano seguinte, a categoria de Melhor Filme aumentou seu número de indicados. Muito pouco, muito tarde.
A Academia não se dá bem com filmes de gênero. Avatar, Pantera Negra e Corra! são exceções à regra, agulhas em meio ao palheiro de dramas históricos, celebrações do cinema ou adaptações de romances já aclamados. Heróis, terror. ação e ficção-científica ficam de lado. Mas Duna é a rara oportunidade de empurrar na direção oposta, de reconhecer o ápice de um desses gêneros como tão digno de atenção quanto mais uma obra sobre os anos dourados de Hollywood feita por um cineasta de renome (nada contra, afinal Mank e Era Uma Vez em Hollywood são excelentes, mas variedade é importante).
Duna é o melhor filme de ficção-científica já feito. O próprio diretor Denis Villeneuve já passou pela saga de Blade Runner, talvez o favorito de muitos. Mas há uma sensação de singularidade em Duna. Quando foi a última vez que vimos um filme deste gênero feito com seriedade, com este patamar de elenco (sem falar na popularidade de Timothée Chalamet e Zendaya com os jovens), com essa ambição e escala, e produzido de maneira tão épica, tratando sua narrativa com seriedade e sem uma abordagem diluída para agradar todas as tribos e idades? Interestelar? O corretamente indicado ao Oscar, Distrito 9? Todos esses são bons exemplos, mas não tiveram a aprovação tripla de público, crítica e indústria no nível de Duna, pelo menos não no mesmo volume.
As pessoas foram ver Duna, tanto no cinema quanto no HBO Max. A notícia de sua continuação foi celebrada como uma vitória para o cinema mais ambicioso, um grito a favor de blockbusters ousados, reflexivos e cujos protagonistas não usam máscaras ou capas. A Parte Dois já é um dos títulos mais aguardados de um ano com o próximo Star Wars e próximo longa de Christopher Nolan. Não há nada mais como Duna.
Se a Academia ignorá-lo, ela vai, novamente, se mostrar desinteressada em sair do óbvio e reconhecer estes eventos raros e celebrados do cinema. Duna certamente será indicado, e provavelmente ganhará, disputas de Melhor Fotografia, Design de Produção, Maquiagem e talvez até Trilha Sonora, com Hans Zimmer. Mas isso é pouco. Villeneuve, aqui um general de guerra comandando um exército ambicioso pelo deserto, merece o reconhecimento. O filme também deveria ser indicado na principal categoria da noite.
Você pode até discordar. No momento, Duna está fora do meu Top 5 do ano, então não entendam este artigo como uma defesa ferrenha do filme. Uma vitória em Melhor Filme, por exemplo, é um exagero. Mas não há como fugir da politicagem, do lobby e das narrativas no Oscar. A Academia raramente se preocupa em indicar e premiar os melhores filmes. Ela está preocupada com a óptica da coisa, como seu evento é visto e, acima de tudo, por quantas pessoas ele é visto.
Em Duna, a maior premiação do mundo do cinema tem a oportunidade de atrair mais audiência sem perder credibilidade. Agora é hora de perder o temor de indicar filmes de gênero, de observá-los como inferiores. O medo é o assassino do Oscar.
duna
oscar
oscars
premiados
denis-villeneuve
Você pode gostar
Fernanda Torres comenta sobre polêmicas do Oscar
Atriz comentou sobre a cultura de ódio da internet

"Quero ser sua amiga", diz Jessica Chastain para Fernanda Torres
Vencedora do Oscar rasgou elogios para Fernanda Torres em entrevista

Oscar está considerando pedir para que filmes revelem uso de IA
O Brutalista e Emilia Pérez se envolveram em uso controverso de IA

Ainda Estou Aqui | Guillermo del Toro fará sessão de Central do Brasil em LA
Diretor estará acompanhado de Walter Salles
