"O que é Star Wars? E muito dessa resposta é, pra mim, efeitos especiais."

Depois de assistir à Light and Magic, é difícil discordar dessa afirmação, feita Janet Lewin, vice-presidente da Industrial Light & Magic (ILM), em resposta do Chippu durante uma entrevista em mesa redonda. A série documental, dirigida por Lawrence Kasdan e lançada nesta quarta-feira (27) no Disney+, reflete sobre o passado da ILM e seu papel em trazer, claro, luz e magia para Star Wars e diversos outros projetos.

Separar a ILM de Star Wars é quase impossível, mas Lewin faz questão de destacar a variedade de trabalhos da casa de efeitos especiais. "Light and Magic não é só sobre Star Wars, é sobre a vasta quantidade de projetos para os quais a ILM contribuiu ao longo dos últimos 47 anos e eu acho que nós continuaremos a se envolver em qualquer projeto que seja criativamente inspirador. Estamos trabalhando em 40 séries no momento, incluindo animação, séries, longas-metragens." São muitos para listar aqui (sério, olha o site deles), mas nenhum é como Star Wars.

Ela mesma reconhece isso. "O legal do nosso relacionamento com a Lucasfilm é que temos uma transparência. Somos uma empresa, mas é uma relação simbiótica," explicou a executiva. "Alguns dos nossos feitos tecnológicos podem influenciar as narrativas da Lucasfilm, e vice-versa. Podemos olhar para o que está vindo e nos preparar para isso de forma adiantada. É uma forma maravilhosa de ter uma parceria. E em termos criativos, eu acho que efeitos visuais estão na essência dos filmes de Star Wars e qualquer produto de Star Wars."

Por isso, a afirmação inicial é tão verdadeira. O que é a ILM sem Star Wars? E o que é Star Wars sem a ILM? "Temos veteranos criativos que são procurados por cineastas para entender: O que é Star Wars? E muito dessa resposta é, pra mim, efeitos especiais."

Light and Magic explora esse relacionamento, com histórias, memórias e uma viagem no tempo pelo trabalho da ILM. Star Wars é parte essencial da narrativa, mas como o próprio Kasdan fez questão de deixar claro, o foco da série é nas pessoas responsáveis por esses visuais inesquecíveis. Tal como a jornada de Luke, essa é uma história sobre esperança.

Um dos grandes mestres desses efeitos especiais, talvez o maior de todos, é Phil Tippett. Uma lenda dentro deste meio, ele é o responsável por coisas como os dinossauros do primeiro Jurassic Park, dos robôs de RoboCop e por inúmeras contribuições para a galáxia muito, muito distante. Tippett, que este ano finalmente lançou o monumental Mad God, um filme de terror stop-motion ambicioso que levou 30 anos para ser feito, é profundamente meticuloso e merece ser listado com Kasdan, John Williams e até George Lucas quando falamos da criação de Star Wars.

No fim de nossa conversa, perguntei a Tippet e a Dennis Muren, outro veterano da ILM, sobre algum momento, algum visual ou efeito de Star Wars que, mesmo após 40 anos, eles acham que merece mais destaque. Muren rapidamente disse que não conseguia pensar em nada. "Phil, vai primeiro."

Tippett, semelhantemente, afirmou não conseguir lembrar de um exemplo, mas de um jeito engraçado. “Eu não consigo pensar em nada. Todo mundo parece gostar de tudo.”

Mas Phil Tippett é um homem que não esquece.

"Eu lembro que quando O Império Contra-Ataca saiu, eu acho que os resultados diziam que o Tauntaun não era tão popular quanto as máquinas de andar [maneira de Tippet se referir aos AT-ATs]. Mas as máquinas de andar eram uma cena de ação, e o Tauntaun não era nada mais que um cavalo. O mais importante naquelas cenas era Luke. O Tauntaun era só algo para levá-lo de um lugar para o outro, mas toda a atenção estava no personagem, como George queria."

Fãs de Star Wars, nunca esqueçam dos Tauntaun.