Estúdios divulgam proposta feita para roteiristas e WGA responde: 'não querem negociar, querem nos empurrar'
Após reunião com CEOs como Bob Iger, Ted Sarandos e David Zaslav, sindicato critica postura dos estúdios
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A greve dos roteiristas ganhou mais um capítulo no final da noite da última terça-feira (22), quando após uma reunião entre o WGA (sindicato dos roteiristas) e CEOs de Hollywood que incluem David Zaslav (Warner Bros. Discovery), Ted Sarandos (Netflix), Donna Langley (Universal) e Bob Iger (Disney), a categoria divulgou um comunicado dizendo que os executivos não estão dispostos a negociar.
Simultaneamente, a AMPTP, associação que representa tais estúdios liderada por Carol Lombardini (que também estava na reunião), tornou pública a oferta de acordo apresentada à WGA no dia 11 de agosto, quando as empresas finalmente se dispuseram a se reunir após mais de 100 dias de paralisação.
Os roteiristas fizeram, então, uma contraproposta no dia 18 de agosto e receberam na última segunda-feira (21) um convite para se reunir com o quinteto acima. A reunião aconteceu na noite da terça, e terminou sem acordos.
Em comunicado, o WGA disse que "ao invés [de uma negociação honesta], no 113º dia de greve — e enquanto o SAG-AFTRA [sindicato dos atores] está com piquetes ao nosso lado — fomos recebidos com um sermão sobre quão boa a sua primeira e única oferta foi." O WGA depois teria detalhado todas as áreas onde eles gostariam de continuar negociando, mas os CEOs rejeitaram.
"Esse é o plano das empresas desde o começo — não querem negociar, querem nos empurrar," afirmou o sindicato. "Isso não foi uma reunião para fazer um acordo. Foi uma reunião para tentar nos fazer desistir, e é por isso que, menos de vinte minutos depois de deixarmos a reunião, a AMPTP divulgou o resumo de sua proposta."
Na proposta da AMPTP, a primeira contraproposta oferecida pelos estúdios desde que a greve começou, há novas proteções contra inteligência artificial (IA), melhorias nos pagamentos residuais e mais garantias. O WGA, porém, prometeu divulgar nesta quarta-feira (23) um relatório detalhando quais áreas estão aquém do desejado.
A proposta da AMPTP (disponível na íntegra aqui), a associação promete que conteúdo gerado por IA não será considerado "material literário" ou "fonte," ofereceu que tal conteúdo não impactará o pagamento do roteirista nem afetará discussões de crédito. Os estúdios também teriam que informar ao roteirista que o conteúdo foi gerado por IA. Inicialmente, a WGA pediu que conteúdo de IA fosse banido de ser considerado "fonte" ou "material literário," e proibir qualquer roteiro escrito por seus membros de ser usado para treinar inteligências artificiais. Quanto a este último ponto, a AMPTP não fez uma oferta.
Quanto ao aumento salarial, a AMPTP ofereceu um aumento de 5% no primeiro ano do novo contrato, 4% no segundo e 3.5% no terceiro (idêntico ao acordo feito pelo sindicato dos diretores), números abaixos da fórmula de 6%, 5% e 5% proposta pelo WGA. Nos residuais, a oferta foi US$ 87,546 por episódios pelos primeiros três anos de exibição (atualmente, o valor é US$ 72,067), e US$ 156,854 mundialmente pelos próximos 10 anos (atualmente, o número é US$ 124,615).
A AMPTP também destacou que, dentro do acordo proposto, um relatório trimestral confidencial irá dar ao WGA números totais de horas vistas em streaming. O sindicato dos roteiristas tinha pedido por um formato de pagamento residual que recompensasse os roteiristas com base em audiência e buscava um "programa de transparência quanto ao número de visualizações."
O WGA irá lançar uma resposta pública à oferta da AMPTP hoje. Não se sabe ainda se nessa declaração estarão inclusos os detalhes da contraproposta feita pelo sindicato na semana passada.