Imaculada foi o terceiro filme de Sydney Sweeney a estrear nos cinemas em menos de quatro meses nos EUA. A febre com a atriz começou com o sucesso da comédia romântica Todos Menos Você, no final de 2023, passou pelo fracasso de Madame Teia, já em 2024, e concluiu com a estreia do terror, durante o SXSW. Longe dos milhões e milhões de dólares do primeiro e do flop retumbante do segundo, Imaculada gerou mais comoção nas redes sociais por causa de seu final polêmico. Alguns espectadores mais conservadores ficaram indignados com as decisões tomadas pelo diretor Michael Mohan e outros, especialmente os mais jovens, publicaram suas reações chocadas ao final.

A história de Cecília, uma freira que se muda para um convento isolado na Itália, é uma oportunidade e tanto para Sweeney brilhar, principalmente quando ela, entre outras esquisitices do local, acaba ficando grávida, mesmo sendo virgem e mantendo o voto de castidade. Mohan vai além do sobrenatural e entrega duas reviravoltas específicas para provocar o público.

CRÍTICA: Imaculada: Sydney Sweeney é a final girl perfeita no terror de freira

[Se você ainda não assistiu Imaculada, cuidado com possíveis spoilers]

A origem do bebê de Imaculada

A revelação, faz Cecília se desesperar e, ao conseguir se livrar das amarras, ela se torna uma final girl - aquela que sobrevive e luta contra o assassino nos filmes de terror - que vai colocar um ponto final nessa história. Detalhe importante: ela já está em trabalho de parto.

A ótima e polêmica cena final de Imaculada

Depois de se vingar do Cardeal e da Madre Superiora que comandam o local, Cecília é perseguida pelo Padre Sal pelas catacumbas do convento e tem um embate corpo a corpo com ele ao tentar escapar por um buraco. A sequência sanguinolenta tem o padre tentando cortar a barriga da jovem, mas ela acaba utilizando a relíquia da crucificação - que ela roubou da capela - para atingi-lo na garganta.

Ao conseguir escapar da catacumba, Cecília luta para, ali mesmo e em pé, dar à luz ao bebê. A cena foca o tempo todo no rosto da jovem, sem nunca vermos a criança e apenas ouvirmos sons estranhos, como se fossem grunhidos de animais. Cecília corta o cordão umbilical com a boca, pega uma grande pedra e a mata.

Antes de qualquer coisa dita sobre a cena, Sydney Sweeney brilha num plano longo com a câmera colada em seu rosto, apenas trabalhando o terror e a tensão com suas expressões e gritos. É um grande momento para a atriz e seu portfólio.

O final é cheio de significados e metáforas, a começar pela revelação da gestação forçada e o ataque do padre, que coloca Cecília deitada no chão, enquanto tenta cortá-la. Mohan não é nada sutil em mostrar a cena como uma grande violência e o abuso sofrido pela mulher, que ainda se vê obrigada a gerar a criança contra a própria vontade e ouvir que ela carrega uma dádiva.

Depois disso, ao conseguir se livrar da situação e se espremer por um buraco para encontrar a luz - referência ao nascimento - Cecília dá à luz ao monstro que simboliza a violência sofrida. O diretor, ao invés de colocar o choro de uma criança como normalmente ouvimos, coloca grunhidos idealizando que o bebê seja mais uma besta do que uma criança propriamente dita. O ato de exterminar aquela criação e encerrar o filme desse jeito, chocou e indignou muitas pessoas, que acusaram Imaculada de promover o aborto. Sweeney afirmou que acha importante fazer “arte que atrai críticas”. Álvaro Morte, por outro lado, afirmou se tratar de “um convento específico e não sobre a Igreja em si”, durante a CCXP MX.

Mas a verdade é que o filme coloca em xeque um dos momentos mais importantes da história da Bíblia: a do nascimento de Jesus, após Maria receber a missão de ser a mãe do filho de Deus. No livro, ela é comunicada pelo anjo Gabriel e, mesmo confusa depois das palavras dele, aceita a vontade, ao contrário de Cecília, que se revolta contra aqueles que profetizam sobre sua gravidez. A jovem então, depois de todo o sofrimento, coloca um fim em todas as pontas da violência que sofreu.

O fato é que, por mais que comece como um terror normal, cheio de jump scares baratos, Imaculada ganha uma voz própria a partir de sua metade e toma atitudes corajosas para um filme hollywoodiano. Goste ou não, não há como negar isso.