Estúdios poderão usar inteligência artificial para criar roteiros, diz WSJ
Novo acordo, segundo o jornal, garante créditos e pagamentos aos roteiristas pelo uso de qualquer material baseado na obra deles
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O acordo que foi feito para encerrar a greve dos roteiristas de Hollywood lida com vários pontos sensíveis, entre eles o uso da inteligência artificial na criação de roteiros e histórias para o cinema/TV. Segundo o WSJ, estúdios e roteiristas chegaram a um meio termo que garante o uso da ferramenta para treinar modelos de IA para escrever roteiros, contanto que concedam os créditos e devidos pagamentos aos roteiristas em que os modelos se baseiam.
De acordo com o jornal, os executivos não queriam excluir o direito de treinar as suas próprias ferramentas de IA com base em roteiros de TV e filmes, uma vez que entendem que essa tecnologia já está sendo usada em outras áreas e usando como base o material de filmes e séries deles. Dessa forma, os roteiristas ganhariam créditos mesmo se os estúdios usassem parcialmente qualquer material prévio, garantindo assim a proteção de direitos autorais.
O Writers Guild of America (WGA) e a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP) não responderam imediatamente aos pedidos de comentários da Reuters.
Sobre o fim da greve dos roteiristas
O acordo foi fechado depois de quatro dias seguidos de reunião entre a WGA e a AMPTP descrita como "positiva e esperançosa" pelos roteiristas. A categoria exigiu aumento nos ganhos. Durante a última década, os serviços de streaming aumentaram consideravelmente o número de séries e episódios sendo lançados, mas o salário do grupo ficou parado. Se antes, havia seriados com até 20 episódios, garantindo um salário semanal por boa parte do ano, agora as produções menores tem menos episódios e, naturalmente, os roteiristas ganham menos. Há, também, a questão dos pagamentos residuais, talvez a principal questão dentro desse tópico.
Antigamente, quando uma série ou filme era licenciado para ser reexibido em televisão ou vendido por DVDs, o roteirista recebia um valor de acordo com isso. Com os serviços de streaming, essas distribuições praticamente acabaram e uma taxa fixa foi instituída. A proposta do WGA é instituir uma taxa que leva em consideração a quantidade de assinantes num serviço de streaming, e a quantidade de pessoas que assistiram a uma produção. Essa demanda vai na direção oposta dos métodos de Netflix, Apple, Amazon e outros, que nunca divulgam o número exato de pessoas que assistiram a seus filmes e séries.
Entre as demandas, também está a regulamentação de inteligência artificial e ferramentas como o ChatGPT, e o fim das "mini-salas de roteiristas," uma prática que os estúdios começaram a colocar em ação antes de uma série receber a luz verde para produção. É comum, nesses casos, que um grupo de roteiristas se reúna para concluir o roteiro e seja dispensado logo depois.
O que acontece agora?
Uma votação deve ser feita para que os membros aprovem o novo contrato, depois disso os estúdios contam novamente com os roteiristas para que seus filmes e series voltem a ser desenvolvidas. Por fim, a conclusão da greve dos roteiristas também derruba um entrave para a retomada das negociações entre estúdios e o Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA).