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Cinema não pode ser reduzido somente a franquias, diz Martin Scorsese
Diretor fala sobre estado do cinema e sua opinião sobre comportamento atual do público
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Prestes a lançar mais um filme, Assassinos da Lua das Flores, o cineasta Martin Scorsese deu uma vasta e interessante entrevista para a GQ, revista britânica, em que fala sobre vida, cinema e a situação atual da indústria.
Quando perguntado sobre o que achava que mudou na indústria para que um cineasta tão talentoso e dedicado como ele não consiga fazer os filmes que deseja, se referindo a projetos como O Irlandês que ele mesmo financiou, Scorsese foi direto. “Bem, a indústria [como conhecemos] acabou. Em outras palavras, a indústria da qual fiz parte, estamos falando de 50 anos atrás? É como dizer a alguém que fez filmes mudos em 1970: ‘O que você acha que aconteceu? ... [Hoje] os estúdios, disse ele, não estão mais interessados em apoiar vozes individuais que expressam seus sentimentos pessoais ou seus pensamentos com um grande orçamento. E o que aconteceu agora é que eles classificaram isso como o que chamam de indies”, disse.
Ainda assim, o artista não acredita que a experiência do cinema em si está morrendo, porém é preciso ter atenção. “Acho que sempre haverá cinema, porque as pessoas querem vivenciar isso juntas. Mas, ao mesmo tempo, os cinemas têm que se esforçar para torná-los lugares onde as pessoas queiram ir e somente se divirtam ou queiram ir para ver algo que as comova”, completou.
A partir daí, Scorsese entra no campo minado para falar do cinema de franquias, de herói e blockbusters. Para ele, o excesso de franquias e filmes com formulas repetidas causa um empobrecimento cultural que deve ser combatido. “O perigo é o que isso está causando à nossa cultura. Porque agora haverá gerações que pensarão que os filmes são apenas isso – é isso que os filmes são. (...) Eles já pensam isso. O que significa que temos que lutar com mais força. E tem que vir do nível popular. Tem que vir dos próprios cineastas. E você terá, você sabe, os irmãos Safdie, e você terá Chris Nolan, entende o que quero dizer? Acerte-os de todos os lados e não desista. Vamos ver o que você tem. Vá lá e faça. Vá reinventar. Não reclame disso. Mas é verdade, porque temos que salvar o cinema”.
Por fim, o diretor ainda fala do que ele considera cinema - que nem sempre precisa ser sério, cult ou indie. "O cinema pode ser qualquer coisa, não precisa apenas ser sério. Quanto Mais Quente Melhor foi o cinema, por exemplo. Mas acho que o conteúdo fabricado não é realmente cinema”, disse, completando com uma definição do que ele acredita ser esse conteúdo.
“Conteúdo fabricado é quase como se a IA estivesse fazendo um filme. E isso não significa que você não tenha diretores incríveis e pessoas de efeitos especiais fazendo belas obras de arte. Mas o que isso significa? O que esses filmes significam – o que isso lhe dará? Fora uma espécie de consumação de alguma coisa e depois eliminar da sua mente, do seu corpo todo, sabe? Então, o que isso está lhe dando?", questiona.
Ao mesmo tempo, Scorsese se mostra empolgado com os avanços tecnológicos que usou em Irlandês e até o que James Cameron fez em Avatar: O Caminho da Água. “Estou ansioso por novos caminhos”, disse ele. “É que cheguei até aqui e é isso que eu faço. É isso. E se eu pudesse reunir energia, se Deus quiser, para fazer mais alguns, mais um talvez, e pronto, ok? Isso foi tudo que consegui. Você continua até não conseguir. Mas o que quero dizer é que você precisa arrancar isso do seu crânio e das suas entranhas para descobrir o que diabos você realmente – o que você realmente acha que deveria ser dito por você neste momento da vida? Você tem que dizer algo com um filme. Caso contrário, qual é o sentido de fazer isso? Você tem que estar dizendo alguma coisa", completou o criador de Touro Indomável, Taxi Driver, Silêncio, Lobo de Wall Street, Ilha do Medo entre outros clássicos do cinema moderno.
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