Opinião: A DC de James Gunn tem a solução para o problema atual do MCU

Opinião: A DC de James Gunn tem a solução para o problema atual do MCU

Com ênfase em personagens e roteiro, os filmes de Guardiões da Galáxia e os novos projetos da DC se diferenciam do MCU atual

Guilherme Jacobs
23 de fevereiro de 2023 - 7 min leitura
Notícias

Sim, já fazem algumas semanas desde o grande anúncio de James Gunn sobre o futuro do DC Studios, com os 10 primeiros projetos de seu novo universo cinematográfico. Mas algo dito por Gunn naquele final de janeiro tem ocupado um espaço cada vez maior em minha mente conforme navegamos essa "crise" em filmes de super-heróis. Mais do que as revelações sobre Superman e Batman, agora vejo que a notícia mais importante ali divulgada foi uma frase dita pelo diretor e roteirista na conferência de imprensa.

"Deixar o roteirista mais proeminente e mais importante neste processo [de fazer filmes] é o que realmente é importante pra nós."

Depois de assistir a Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, essa declaração se tornou importantíssima pra mim. Este não será mais um artigo criticando o filme da Marvel (por mais que eu tenha críticas) ou alegando que o estúdio de Kevin Feige está em má fase (o que é verdade), mas permitam-me, brevemente, dizer qual foi o grande problema do blockbuster mais recente do MCU: Seu roteiro é uma bagunça. O texto não consegue decidir se será:

a) Um filme sobre Scott Lang reconectando com sua filha
b) Um filme sobre Scott Lang e Kang como homens lidando com tempo perdido
c) Um filme sobre o trauma de Janet Van Dyne
d) Um filme sobre a rebelião no Reino Quântico

Terminamos com algo sem coragem de abandonar qualquer uma dessas temáticas e incapaz de desenvolver alguma delas até onde ela devia. Quantumania não tem nada a dizer porque, ao tentar dizer tudo, deixa toda frase inacabada. O roteiro fraco também abre margem para decisões inexplicáveis (por que Janet não falou sobre Kang?) e lógica inconsistente (por que Kang não usou seus poderes de "Força" na luta final?) mas essas questões, típicas de vídeos do CinemaSins, poderiam facilmente ser perdoadas se houvesse uma clara e comovente narrativa movendo os personagens para frente, motivações compreensíveis, riscos emocionais, consequências e, por mais básica que seja, uma ideia.

A frase supracitada de Gunn veio como parte de uma afirmação maior, e dentro do contexto, entendemos de onde vem esse direcionamento. "As pessoas ficam presas a essas datas de estreia, terminando filmes de qualquer jeito," ele disse, referenciando o agendamento de filmes antes de ter roteiristas associados. "Eu sou um roteirista no coração, e nós não vamos fazer filmes antes do roteiro estar pronto."

Talvez seja um exagero chamar isso de indireta, mas Gunn está claramente se referindo à Marvel, que frequentemente anuncia seus grandes projetos primeiro e depois contrata um roteirista. Frequentemente. Gunn continua, associando essa tendência à "crise" atual no gênero de cinema de heróis:

"Eles fazem esses filmes onde não há terceiros atos escritos. E eles começam a escrevê-los durante a produção, sabe, inventando conforme vão. E então você está assistindo um monte de gente trocando socos, e nem tem fluidez na ação."

Naturalmente, a Marvel não vai a público falar quando isso acontece (e, a julgar pelo o clímax de Quantumania, eles nem precisam) mas às vezes descobrimos. Tom Holland deixou bem claro que foi este o caso em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, e ainda sugeriu que se não tivesse mudado a história ali, durante as filmagens, teríamos algo desastroso.

Minha intenção aqui não é dançar nas covas de filmes medíocres do MCU, mas sim elogiar a decisão de Gunn, cujo roteiro para seu próximo (e último) projeto na Marvel, Guardiões da Galáxia Vol. 3, foi concluído há anos. Sem mudanças de última hora. Sem necessidade de incorporar sequências de ação pré-visualizadas. Sem inserções aos 45 do segundo tempo, quando artistas de VFX terão que sofrer para alterar o CG de uma cena climática.

Assim, entendemos porque, dentro dessa primeira leva da nova DC, apenas o filme do Superman, escrito por Gunn, recebeu uma data de estreia. Mas além da questão de timing, a ênfase em roteiristas como autores da história (um conceito que não devia ser tão chocante dentro desse mundo) também sugere que, quando o filme do Superman sair, ele não existirá apenas porque um executivo do estúdio decidiu que é preciso ter um filme do Superman. Este não será só uma máquina de exposição, uma peça no quebra-cabeças para preparar o próximo capítulo, uma justificativa para apresentar personagens ou uma obrigação contratual.

Isso não quer dizer que não existem motivações financeiras e estratégias por trás, mas que ele terá uma razão narrativa para existir. Superman: Legacy será lançado porque, entre outros motivos, James Gunn tem algo a dizer sobre o Superman.

Olhando para Quantumania, eu não sei o que Jeff Loveness tinha para dizer sobre o Homem-Formiga. Muito menos sobre a Vespa. E, para deixar claro como esse problema não afeta só a Marvel, podemos voltar para Adão Negro para ver o que é um filme cuja existência vem inteiramente de um plano de marketing.

Os roteiros da Marvel na antiga Saga do Infinito podem nunca ter sido Chinatown, mas uma coisa é inegável. Os textos de coisas como Capitão América: O Soldado Invernal, Vingadores e, claro, Guardiões da Galáxia eram ideais para suas propostas. Econômicos, com ênfase em caracterização e usando o humor para desarmar diálogos expositivos, eles transmitiam com clareza as personalidades dos protagonistas e as tramas ao seu redor. Isso se perdeu.

Quanto mais rápido a Marvel voltar para estes caminhos, mais rápida será a recuperação do MCU. Será interessante observar se, com uma recepção positiva em Guardiões 3, o método-Gunn terá mais presença na casa de Kevin Feige. Se não... bom. Sabemos que na DC, esse será o caminho.

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